Dissertation
Influência de citocinas e células do sistema imune na atividade do inibidor da biossíntese de ergosterol (posaconazol) na infecção experimental pelo trypanosoma cruzi
Fecha
2005Registro en:
FERRAZ, Marcela Lencine. Influência de citocinas e células do sistema imune na atividade do inibidor da biossíntese de ergosterol (posaconazol) na infecção experimental pelo trypanosoma cruzi. 2005. 87 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) - Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz, Belo Horizonte, 2005.
Autor
Ferraz, Marcela Lencine
Institución
Resumen
A doença de Chagas afeta aproximadamente 18
milhões de pessoas na América Latina. O
Benzonidazol (BZ) é o único fármaco utiliza
do no Brasil para o tratamento e apresenta
eficácia limitada na fase crônica da doença ou
no tratamento de indivíduos imunossuprimidos.
Na tentativa de identificar novos fármacos para o tratamento da doença de Chagas, observou-
se que o
Trypanosoma cruzi
necessita de ergosterol para a sua sobrevivência e seu
crescimento. O parasito não pode utilizar o
colesterol do hospedeiro e é sensível aos
inibidores da biossíntese de ergosterol (IBEs).
Os bis-triazóis são uma nova geração de IBEs,
que foram ativos nas fases aguda e crônica da
doença de Chagas experimental. Entre eles, o
Posaconazol (POS) destacou-se, apresentando eficácia no combate ao
T. cruzi
“in vitro” e “in
vivo”. O POS é uma droga candidata ao tratam
ento clínico da doença de Chagas. Nesta
dissertação, nós avaliamos a atividade do
POS em camundongos deficientes em populações
de linfócitos (TCD4
+
, TCD8
+
, B) e citocinas (IFN-
γ
e IL-12), na tentativa de identificar se há
influência de alguns efetores da resposta
imune na eficácia terapêutica da droga. Os
camundongos deficientes (knockouts) foram infectados com a cepa Y de
T. cruzi
(5000
tripomastigotas/camundongo) e foram tratados
por 20 dias consecutivos. Para fins
comparativos, camundongos deficientes também
foram tratados com BZ, assim como
camundongos selvagens C57Bl/6. A parasitemia foi
realizada até 60 dias após a infecção,
como descrito por Brener (1962). No mesmo período, a sobrevivência dos camundongos foi
monitorada. Entre 30-40 dias após o término do tratamento, camundongos com parasitemia
não detectáel ao microscópio óptico foram submetidos à hemocultura, para determinar a cura.
Considerando a sobrevida e a cura dos camundongos knockouts infectados pelo
T. cruzi,
observamos que é necessária a interação entr
e o sistema imune do hospedeiro e as drogas
estudadas, para que se obtenha cura parasitológica. Os linfócitos T CD4
+
foram essenciais
para a atividade do POS e BZ e a sua ausência
torna os animais altamente suscetíveis. A
citocina IFN-
γ
também foi essencial para o tratamento com BZ, porém, o POS foi menos
influenciado por este componente. Os
camundongos deficientes em linfócitos T CD8
+
tiveram
os melhores resultados quando tratados com
BZ, ao contrário dos camundongos deficientes
em linfócitos B que foram mais curados pelo POS. Nos camundongos deficientes em IL-12, o
POS e o BZ tiveram a mesma atividade para
reativação, mortalidade e cura. Os nossos
resultados sugerem que ambas as drogas são in
fluenciadas por componentes específicos do
sistema imunológico. Porém, possuem mecanismo
s distintos de atuação e interação com o
sistema imune.