Dissertation
Acidentes fatais e a desproteção social na construção civil no Rio de Janeiro
Fecha
2003Registro en:
MANGAS, Raimunda Matilde do Nascimento. Acidentes fatais e a desproteção social na construção civil no Rio de Janeiro. 2003. 73 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2003.
Autor
Mangas, Raimunda Matilde do Nascimento
Institución
Resumen
Neste estudo analisou-se um conjunto de questões referentes à problemática dos
acidentes de trabalho fatais ocorridos, entre 1997 e 20001, na indústria da construção civil
do Rio de Janeiro. Recorreu-se a diversas fontes de informação capazes de identificar esses
eventos em trabalhadores que, sob os mais variados tipos de vínculos, conformam o amplo
universo desse setor. Buscou-se caracterizar as causas imediatas desses acidentes e
evidenciar as diferentes estratégias para ocultar as mortes decorrentes do trabalho.
Pretendeu-se, sobretudo, conhecer a trajetória de vida e trabalho das vítimas e,
particularmente, as diversas seqüelas desses eventos nos núcleos familiares. Apresentam-se
alguns traços dessa categoria e os impactos derivados dos mecanismos de terceirização –
intensiva e extensiva – que vêm sendo adotados no setor. Apontam-se as principais
limitações observadas na prática sindical para interferir nas situações de risco geradoras de
acidentes e as deficiências das instâncias responsáveis pela inspeção e vigilância dos
ambientes de trabalho. A partir do investimento realizado no acervo sindical, classificaramse os acidentes segundo causa, ocupação, faixa etária e vínculos laborais das vítimas.
Interpretaram-se os dados coletados em alguns canteiros de obra reveladores das
contradições presentes no discurso das empresas e dos companheiros dos trabalhadores
acidentados sobre as causas desses eventos e as circunstâncias em que ocorreram. Nas
entrevistas realizadas com familiares de vítimas desses acidentes – de difícil localização,
devido à dispersão das residências em áreas periféricas da Região Metropolitana e a
informações incompletas – constataram-se suas severas repercussões. Entre os aspectos
mais contundentes, destacam-se, além do sofrimento gerado pela perda e os recursos
utilizados para aliviá-lo, o comportamento omisso das empresas, a árdua luta pelo
reconhecimento de direitos e os artifícios construídos para sobreviver. Ao sentimento de
impotência e de desproteção social diante da inoperância das instâncias públicas,
contrapõem-se manifestações de coragem e determinação para enfrentar a adversidade.