Dissertation
Helmintos intestinais identificados em humanos, caprinos, ovinos e suínos: potencial interface entre o parasitismo humano e animal em área rural no Estado do Piauí
Fecha
2015Registro en:
SANTOS, Jéssica Pereira dos. Helmintos intestinais identificados em humanos, caprinos, ovinos e suínos: potencial interface entre o parasitismo humano e animal em área rural no Estado do Piauí. 2015. 83 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical)-Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Teresina, 2015.
Autor
Santos, Jéssica Pereira dos
Institución
Resumen
Em algumas regiões do Brasil, como em áreas rurais do Piauí, existe estreita convivência entre humanos e caprinos, ovinos e suínos, sendo o ambiente periurbano extremamente contaminado com fezes destes animais. Essa convivência íntima favorece a emergência e reemergência de zoonoses parasitárias, tendo em vista que parasitas da Ordem Strongylida abrangem espécies de interesse em saúde pública e veterinária. O presente estudo visou estimar a frequência de infecção por parasitas intestinais em humanos e animais domésticos (caprinos, suínos e ovinos) em estreito convívio, no município de Nossa Senhora de Nazaré, no Piauí, com ênfase na identificação de transmissão potencialmente zoonótica na interface humano-animal. Foi realizado um estudo transversal incluindo 307 pessoas e 88 animais de criação (caprinos, suínos e ovinos). Utilizaram-se as técnicas de Kato-Katz e Ritchie para o processamento das amostras fecais de humanos, e as técnicas de Willis e Ritchie para a análise das amostras fecais de animais. Índices morfométricos foram realizados com a finalidade de classificar os ovos de parasitas da ordem Strongylida em ancilostomídeo, Trichostrongylus e/ou Oesophagostomum. A prevalência geral de infeção por helmintos em humanos foi de 15,3%, sendo ancilostomídeo o parasita mais frequente, com maior taxa de positividade em indivíduos com idade de 11-20 anos. Ovos de parasitas da ordem Strongylida foram identificados em 19/22 (86,3%) das amostras fecais de caprinos, 11/13 (84,6%) das amostras de ovinos e em 48/53 (90,6%) das amostras de suínos Foram medidos 44 exemplares de ovos de ancilostomídeos em humanos, cujo comprimento variou de 56 \03BCm a 80 \03BCm, e largura de 35 \03BCm a 50 \03BCm, dimensões semelhantes aos ovos de parasitas pertencentes ao gênero Oesophagostomum. Os ovos de Strongylida identificados em ruminates tiveram comprimento médio de 78,17 ± 9,13 \03BCm, variando de 65 \03BCm a 93 \03BCm. Em suínos, a média foi 67,9 ± 8,8 \03BCm, variando de 44 \03BCm a 91 \03BCm. A análise morfométrica demonstrou que entre os ovos Strongylida de suínos, 87,5% tinham tamanho compatível com parasitas do gênero Oesophagostomum e 14,6% compatível com parasitas do gênero Trichostrongylus. Em relação os ovos de caprinos, 57,9% tinham tamanho compatível com parasitas do gênero Trichostrongylus e 63,2% compatível com parasitas do gênero Oesophagostomum. Da mesma forma, em ovinos foi evidenciada uma frequência de 36,4% para ovos compatíveis com parasitas do gênero Oesophagostomum e 63,6% para parasitas do gênero Trichostrongylus. Observou-se ainda, uma taxa de positividade de 9,4% de infecção por Ascaris sp em suínos, mais provavelmente Ascaris suum. A ancilostomíase é a geo-helmintíase mais frequente no município de Nossa Senhora de Nazaré. Nenhum ovo identificado em humanos possui tamanho compatível com Trichostrongylus sp, e não foi detectada infeção por Ascaris sp em humanos que convivem com suínos infectados, o que sugere a ausência de transmissão zoonótica destes parasitas na amostra estudada.