Dissertation
Beta-glicosídeos e fisiologia digestiva de Lutzomyia longipalpisefeito sobre glicosidases e interação com Leishmania
Fecha
2016Registro en:
FERREIRA, Taína Neves. Beta-glicosídeos e fisiologia digestiva de Lutzomyia longipalpisefeito sobre glicosidases e interação com Leishmania. 2016. 77 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Celular e Molecular)-Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, 2016.
Autor
Ferreira, Tainá Neves
Institución
Resumen
Lutzomyia longipalpis é o principal vetor da Leishmaniose Visceral Americana, doença cujos agentes etiológicos são parasitos do gênero Leishmania. Insetos adultos dessa espécie se alimentam de sangue (somente fêmeas) e diferentes açúcares de origem vegetal como, por exemplo, \03B2-glicosídeos, porém a digestão de carboidratos nesses insetos não está bem caracterizada. \03B2-glicosídeos são compostos produzidos por plantas como uma possível estratégia contra herbivoria e liberam compostos tóxicos quando hidrolisados no tubo digestivo dos insetos. Enzimas como \03B2-glicosidase e trealase são importantes no metabolismo de insetos e participam do processo de digestão de açúcares. Quanto ao parasito, sabe-se que este possui carboidratos de superfície típicos em cada uma de suas fases evolutivas, sendo possível que glicosidases tenham um papel importante na interação parasito-vetor. Neste trabalho, foram estudados os efeitos de glicosídeos sobre a fisiologia de adultos de Lu. longipalpis e sobre a interação com Leishmania. Assim, observamos que a administração oral através da dieta açucarada de amigdalina, esculina e mandelonitrila (0,1% m/v) diminuiu significativamente a longevidade de fêmeas de Lu. longipalpis, com reduções no tempo mediano de vida de 12,5, 18,5 e 25%, respectivamente. Em machos esculina e mandelonitrila reduzem esse parâmetro em 12,5% e 77,5%. Adultos de Lu. longipalpis apresentam atividades significativas de hidrólise de esculina, e a alimentação com esse composto produz alterações nas atividades de trealase e beta-glicosidase do inseto. A atividade de trealase em fêmeas é inibida diante da adição in vitro de esculina. Devido a sua fluorescência característica, a esculina ingerida pode ser detectada e quantificada tanto em insetos inteiros como em diferentes órgãos, com amostras conservadas em metanol. Quanto ao efeito de glicosídeos sobre parasitos, observamos que amigdalina e esculina não apresentam efeito em culturas de L. amazonensis, L. braziliensis, L. infantum e L. mexicana, enquanto mandelonitrila reduz significativamente a viabilidade de todas essas espécies e em diferentes concentrações, com LC50 em torno de 75\03BCM. A esculetina também reduziu expressivamente o número de parasitos em L. infantum e L. mexicana. A alimentação das fêmeas de Lu. longipalpis com mandelonitrila 0,1% (7,5mM) causa efeito na infecção com L. mexicana, reduzindo o número de parasitos por inseto em cerca de 60% e a porcentagem de insetos infectados em 24% no 7º dia de infecção. Dessa maneira, observamos que glicosídeos apresentam efeitos importantes na longevidade e alterações em enzimas chave do metabolismo de Lu. longipalpis, além de afetarem o desenvolvimento de parasitos em cultura e no inseto. Essa pode ser a base para o desenho de estratégias futuras de controle da transmissão das leishmanioses.