Thesis
Trajetória de Formação dos Trabalhadores de Saúde Mental do Município de Betim/MG: experiência de Educação Permanente em Saúde
Fecha
2020Registro en:
FARIA, Dirley Lellis dos Santos. Trajetória de Formação dos Trabalhadores de Saúde Mental do Município de Betim/MG: experiência de Educação Permanente em Saúde. 2020. 313 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva – área de concentração Ciências Humanas e Sociais em Saúde)-Instituto René Rachou, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Fundação Oswaldo Cruz, Belo Horizonte, 2020.
Autor
Faria, Dirley Lellis dos Santos
Institución
Resumen
A Reforma Psiquiátrica foi um movimento mundial de luta por transformações nas práticas de atenção ao sofrimento mental que, a partir da década de 60, se desdobrou em experiências concretas em diversos países. Experiências de desospitalização, mas,principalmente, a experiência italiana de desinstitucionalização,trouxeram novos parâmetros e conhecimentos para o cuidado das pessoas. É ness econtexto de mudanças e de novas formas de organizar o trabalho em saúde a partir da Reforma Sanitária que se constituiu também a Reforma Psiquiátrica brasileira. O município de Betim/MG participou ativamente do processo de mudança do sistema de saúde, criando em 1994 serviços substitutivos ao manicômio, e vem sustentando há 26anos a proposta de um cuidado em liberdade.A criação desses serviços trouxe inúmeros desafios, entre eles, a formação de seus trabalhadores. Frente a esse desafio foi necessáriaa formação nos próprios serviços. O presente estudo busca compreender criticamente esse fenômeno, a partir da trajetória dos trabalhadores de Saúde Mental do município. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, orientada pelo referencial teórico-metodológico da hermenêutica-dialética. Os instrumentos de coleta de dados foram as entrevistas narrativas e o grupo focal.Com a análise das narrativas dos participantes da pesquisa constatamos que o modelo de Atenção Psicossocial trouxe novas formas de organização dos serviços em saúde mental, que tem sido desenvolvido por equipes multidisciplinares, numa proposta de trabalho interprofissional. Compreendemos que seus profissionais aprenderam a trabalhar a partir do trabalho coletivo e de alguns dispositivos, tais como:reuniões, fóruns eoficinas. Foram atores ativos, promovendo seminários e encontros diversos,bem como tiveram, em certos momentos, supervisões clínico-institucionais. A integração ensino-serviço também favoreceu a formação de todos os envolvidos no processo.Os profissionais puderam reconstruir lugares identificatórios distintos de suas categorias específicas, se reconhecendo como trabalhadores da Saúde Mental(SM). O cuidado desenvolvido demandou saberes múltiplos, desde saberes técnicos diversos até aqueles construídos a partir da intuição, do contato direto com os usuários, das experiências trazidas pela vida. Embora reconheçam que o trabalho em equipe e os dispositivos de reflexão coletiva são essenciais para sustentação do modelo psicossocial, enfrentam desafios para mantê-los, o que compromete o cuidado.Percebemos o quanto os profissionais de Betim estão implicados ética e politicamente com a proposta da Atenção Psicossocial, embora vivam condições difíceis de sustentar o trabalho com qualidade.Os inúmeros desafios que se têm enfrentado devido à falta de investimentos na saúde pública, bem como o acirramento das desigualdades sociais acentuando os problemas de saúde mental, têm levado ao desgaste das relações entre os trabalhadores, bem como ao seu adoecimento. Podemos afirmar que esses trabalhadores vivenciaram efetivamente a Educação Permanente em Saúde(EPS)conforme preconizado pela Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), considerando o trabalho como lugar de aprendizagem e de interação dos profissionais entre si e com os usuários como dispositivos dos processos educacionais.No entanto, a EPS por si só não garante transformações nos serviços, sendo necessárias mudanças estruturais na saúde e na sociedade.