Dissertation
Diversidade de helmintos intestinais em cães domésticos (Canis familiaris Linnaeus, 1758) e de raposas (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766) no semiárido do Nordeste do Brasil e implicações para a saúde
Fecha
2013Registro en:
OLIVEIRA SANTOS, João Daniel de. Diversidade de helmintos intestinais em cães domésticos (Canis familiaris Linnaeus, 1758) e de raposas (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766) no semiárido do Nordeste do Brasil e implicações para a saúde. 2013. 204 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo CruzRio de Janeiro, 2013.
Autor
Oliveira-Santos, João Daniel de
Institución
Resumen
A sobreposição de habitats e áreas de uso entre animais domésticos e silvestres pode favorecer o
fluxo de parasitoses entre espécies de hospedeiros, possibilitando a emergência de parasitos,
inclusive nos seres humanos. Carnívoros silvestres são especialmente vulneráveis às alterações no
habitat, o que promove aproximação entre eles e animais domésticos, como raposas na busca de
alimento (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766) em comunidades humanas, e cães domésticos (Canis
familiarisLinnaeus, 1758) em áreas naturais para a caça. O objetivo deste trabalho foi estudar a
biodiversidade dos helmintos intestinais de raposas e cães domésticos no semiárido nordestino do
Brasil para identificar as espécies de helmintos de importância epidemiológica para a saúde pública,
a similaridade da ocorrência de helmintos entre C. thous e C. familiaris, as diferenças nos índices
de biodiversidade e da composição de helmintos em relação à sazonalidade e antropização nos
locais de coleta e quais as espécies de helmintos indicam esta diferença. Foram utilizados índices
de Shannon (H’), de Simpson (Ds) e equitabilidade (J), além do índice de similaridade de Sorensen,
do teste MRPP e dos Valores de Indicação (IVs) no programa PC-ORD®. As amostras foram
coletadas oportunísticamente e diretamente do solo, em seis expedições no sertão dos estados de
Pernambuco, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Estas foram identificadas e analisadas
microscópicamente por meio de sedimentação espontânea (Lutz, 1919), e os ovos de helmintos
foram medidos e fotografados digitalmente. No total, 243 amostras foram analisadas, 132 de cães
e 111 de raposas. Foram encontradas sete morfoespécies de importância epidemiológica: Alaria
sp., Ancylostomatidae, Spirometra sp., Toxocara sp., Mesocestoides sp., Strogyloididae e Taenia
sp. A similaridade entre os helmintos nas duas espécies de hospedeiros foi de 50% e entre os de
importância epidemiológica foi de 90%, fato de relevante interesse à saúde pública. Os índices de
biodiversidade foram maiores em C. thous em todas as épocas sazonais em relação a C. familiaris,
e maior no período das secas (H’ =2,572 / Ds=0,8827). A composição das espécies de helmintos
em relação à antropização diferiu entre C. thous e C. familiaris em todas as áreas analisadas. Para
sazonalidade, as espécies de alto valor de indicação (IVs) foram: Alaria sp. (63,2%) para estação
chuvosa e Ancylostomatidade, para estação chuvosa em cães (66,5%). Para antropização,
Spirocerca lupi esteve associada (34,3%) a áreas de povoados e comunidades rurais e Oxyuridae 3
(30,8%) associada a áreas de Unidades de Conservação e de vegetação preservada. Os índices de
biodiversidade de C. thous, maiores na seca, indicam espécies bem adaptadas ao semiárido. O
encontro de ovos de Spirocerca lupi e Taenia sp. em fezes de raposas podem estar sinalizando a
emergência de novas parasitoses neste hospedeiro, de importante atuação nos ecossitemas e biomas
que habita, como a Caatinga.