Dissertation
Prevalência de sífilis entre homens que fazem sexo com homens no Brasil
Fecha
2020Registro en:
PONTES, Carla Kerr. Prevalência de sífilis entre homens que fazem sexo com homens no Brasil. 2020. 203 f. Dissertação (Mestrado Profissional) - Presidência, Fundação Oswaldo Cruz, Fortaleza-CE, 2020.
Autor
Pontes, Carla Kerr
Institución
Resumen
INTRODUÇÃO: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), tem-se
observado um aumento das infecções sexualmente transmissíveis (IST) em diversos
países no mundo, entre elas, a sífilis. A sífilis é uma infecção bacteriana de caráter
sistêmico, curável e exclusiva do ser humano. O progresso na prevenção declinou nas
últimas duas décadas com o ressurgimento da infecção em todo o mundo. A sífilis no
Brasil tem acompanhado o crescimento mundial e o crescimento nas taxas de sífilis no
país é atribuído primariamente aos homens que fazem sexo com homens (HSH), devido
este grupo possuir uma carga desproporcionalmente maior da doença. MATERIAL E
MÉTODO: Um estudo multicêntrico transversal foi realizado em 12 capitais
brasileiras, incluindo o Distrito Federal, representando as cinco regiões políticoadministrativas do Brasil, de junho a dezembro de 2016. O estudo utilizou o método
Respondent Driven Sampling para amostrar 4.176 homens que fazem sexo com homens.
RESULTADOS: A amostra de HSH caracteriza-se por ser jovem (56,5% tinham
menos do que 25 anos), mais de 70% (71,3%) tinham, no mínimo, o ensino médio
completo, 67,7% se identificaram como não brancos e mais da metade (56,7%)
advinham das classes sociais mais desfavorecidas (C, D e E). Mais de 80,0% (82,5%,
IC: 80,q – 84,6) consultaram um médico no último ano anterior a pesquisa. A
prevalência de IST auto relatada na vida foi de 27,8%, com destaque para sífilis
(52,1%), HIV/Aids (27,5%) e gonorreia (23,4%). Além disso, quase 20,0%
apresentaram algum sintoma de IST no último ano, como úlceras/feridas (7,5%) e
bolhas (7,1%) no pênis e/ou anus. Destes, 81,8% receberam tratamento para estes
sintomas. Menos de 40% referem ter recebido algum material educativo sobre IST no
último ano. Dentre os que receberam algum material, 53,0% informam que receberam
no serviço público de saúde. Somente 53,8% apresentam conhecimento suficiente sobre
as formas de transmissão do HIV. CONCLUSÃO: Este estudo mostrou uma elevada
taxa de prevalência de sífilis na vida entre HSH no Brasil. O valor encontrado em 2016
foi 355 vezes maior que a taxa de detecção na população geral brasileira em 2018. E
mais, a metade destes casos de sífilis entre os HSH foram classificados como na forma
ativa, ou seja, recente. A meta estabelecida pela OMS de reduções de 90% na incidência
de gonorreia e sífilis, globalmente, entre 2018 e 2030, frente às necessidades de
ampliações de serviços de prevenção, testes e tratamento a fim de alcançar esses
objetivos, parece difícil de ser atingido.