Periodical
RADIS - Número 70 - Junho
Fecha
2008Registro en:
RADIS: Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP, n. 70, jun. 2008. 20 p. Mensal.
Autor
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
Institución
Resumen
Maria Clara, essa garota fofa que ilumina nossa capa, recebeu todo cuidado e o amor que se pode dar numa maternidade e numa família, desde que nasceu prematura com 6 meses. Seu olhar e as covinhas na bochecha abrem esta edição para nos lembrar a importância da proteção à criança, um compromisso que transcende o papel dos pais e da família. É uma responsabilidade do Estado, da sociedade e de cada um.
A propósito de acontecimentos recentes, analisamos na página ao lado o papel da mídia ao transformar fatos em espetáculo, como no caso da criança morta em São Paulo, ao não aprofundar análises, como no episódio da menina torturada em casa, em Goiás, ou ao simplesmente contribuir para o esquecimento, como no caso da adolescente que sofreu abuso durante 24 dias em cadeia do Pará.
O foco em nossa matéria de capa é o que podem fazer os profissionais de saúde, educação, assistência social e segurança pública para identificar negligência, maus-tratos e violência contra a criança e o adolescente. A Fiocruz oferece um curso específico e há também um guia de atuação para profissionais, que pode ser “baixado” da internet.
As agressões são atos que nem sempre deixam marcas físicas evidentes, mas quase sempre seqüelas psicológicas graves. O advogado Renato Roseno diz que a criança nessa situação precisa ser fortalecida, saber que alguém se importa com ela e que algo pode ser feito para superar seu sofrimento. “Aprendemos a ser violentos desde cedo”, adverte. “O problema não está simplesmente em mudar o mundo adulto, mas as relações intergeracionais e interpessoais”.
Nosso outro grande tema é a loucura. Na verdade, a cobertura do 3º Festival da Loucura, em Barbacena, cidade conhecida no passado pelos horrores do tratamento psiquiátrico desumano. Próximo ao Museu da Loucura, criado em 1996 após a interdição do antigo hospital-colônia, será erguido o “Memorial das Rosas”, monumento aos 60 mil pacientes que fizeram viagem sem volta ao manicômio e ali mesmo foram enterrados.
Com debates interessantes e manifestações culturais, o Festival foi mais um passo importante na luta antimanicomial e na defesa da diversidade e da inclusão de todos à cidadania. O sanitarista Paulo Amarante diz que o trabalho deve transbordar o setor saúde e define os limites a ultrapassar: “Não queremos apenas um sistema de saúde mais humanizado, adequado aos princípios da cidadania... as pessoas também precisam de reposição de vida”.
Confira ainda a matéria sobre êxitos em economia solidária e uma entrevista esclarecedora sobre a reserva indígena Raposa Serra do Sol.
Rogério Lannes Rocha Coordenador do Programa RADIS