Dissertation
Duração da imunidade vacinal na Leishmaniose visceral canina: Perfil fenotípico e funcional da atividade fagocítica anti-Leishmania chagasi
Fecha
2013Registro en:
MOREIRA, Marcela de Lima. Duração da imunidade vacinal na Leishmaniose visceral canina: perfil fenotípico e funcional da atividade fagocítica anti-Leishmania chagasi. Belo Horizonte. 2013. 109 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde)-Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde)-Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz, Belo Horizonte,2013
Autor
Moreira, Marcela de Lima
Institución
Resumen
A leishmaniose visceral (LV) é uma doença que nas Américas, possui a Leishmania
chagasi como agente etiológico, sendo transmitida através da picada de
flebotomíneos e tem como principais hospedeiros membros da família Canidae. Por
esta razão a eutanásia de cães soropositivos é recomendada no Brasil como estratégia de controle da doença, sendo a eficácia desta medida muitas vezes contestada. Desta forma, o uso de uma vacina efetiva na proteção contra leishmaniose visceral canina (LVC) poderá ser a melhor ferramenta de controle,
capaz de reduzir o número de animais infectados e consequentemente a oferta de
parasitos aos vetores, reduzindo assim o número de casos de LV. A primeira vacina
contra a LVC licenciada e disponível comercialmente no Brasil é a Leishmune
®, uma vacina de segunda geração constituída da fração fucose manose ligante (FML) de
Leishmania donovani, acrescida de saponina como adjuvante. Sua formulação demonstrou segurança e alta imunogenicidade para cães, mas poucos estudos a respeito da duração da imunidade foram realizados até o momento.Neste contexto, o principal objetivo deste trabalho foi investigar, nos intervalos de um, seis e doze meses após a intervenção vacinal com a Leishmune®, alterações de alguns eventos imunológicos relacionados a imunoproteção como: atividade fagocítica, produção de óxido nítrico e os aspectos fenotípicos e funcionais em células do sangue periférico dos animais. Nossos dados demonstraram que Leishmune® foi capaz de induzir aumento da atividade fagocítica em monócitos, e que este aumento apresentou
correlação com a produção de óxido nítrico, atingindo pico de atividade funcional
seis meses após a vacinação. Em neutrófilos, foi observado também aumento da capacidade fagocítica. A busca de fatores que possivelmente poderiam estar auxiliando o aumento da atividade fagocítica induzido pela vacinação, mostrou que os animais vacinados apresentavam aumento dos níveis de IgG anti-promastigotas de Leishmania chagasium e seis meses após a vacinação, acompanhado do aumento de expressão de receptor de FC(CD32) por monócitos. Além disso, aumentos na expressão de TLR2 e TLR4 foram correlacionados positivamente com
atividade fagocítica e TLR5 e TLR9 estiveram correlacionados ao aumento de produção de óxido nítrico em monócitos. Aumento de expressão de moléculas ativadora (MHC II) e coativadora (CD80) também foram observados em monócitos um mês após a vacinação. A vacinação induziu,ainda, inibição da produção de IL-4 um e seis meses após a vacinação e aumento duradouro da produção de IL-8 por monócitos, acompanhados do aumento da produção de IFN-um e seis meses após
a vacinação e da produção de IL-17a um mês após a vacinação por linfócitos T totais. Os resultados observados, leva-nos a acreditar que a vacinação com Leishmune® é capaz de induzir alterações na resposta imune mediada pela interação de imunidades inata e adaptativa, com impacto em propriedades
funcionais de monócitos, consistentes com mecanismos potencialmente leishmanicidas que podem participar na imunidade protetora contra LVC. Além disso, os resultados indicam a necessidade de revacinação dos animais antes de doze meses após a primeira dose da vacina, conforme recomendado pelo
fabricante.