Dissertation
Percepções e experiências de médicos, usuários e gestores sobre o Programa Mais Médicos: síntese de evidências qualitativas
Fecha
2022Registro en:
SANTOS, Demétrio de Lacerda Caetano do. Percepções e experiências de médicos, usuários e gestores sobre o Programa Mais Médicos: síntese de evidências qualitativas. 2022. 125 f. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas em Saúde)—Escola Fiocruz de Governo, Fundação Oswaldo Cruz, Brasília, 2022.
Autor
Santos, Demétrio de Lacerda Caetano do
Institución
Resumen
Contexto: O desequilíbrio entre a provisão de médicos e as necessidades dos sistemas de saúde e das populações é um problema mundial. No Brasil, faltam médicos em diversas localidades e em determinadas especialidades médicas, com destaque na atenção primária à saúde (APS). Para intervir nessa realidade, o governo brasileiro lançou o Programa Mais Médicos (PMM), abarcando ações de melhoria da infraestrutura dos serviços de saúde, mudanças na formação médica e provimento emergencial. Objetivos: Compreender as percepções e as experiências de usuários, gestores e médicos sobre o PMM. Métodos de pesquisa: Pesquisamos no PUBMED, BVS Saúde e Plataforma de Conhecimento do Mais Médicos, fontes de literatura cinzenta e referências dos estudos incluídos. Critério de seleção: Foram incluídos estudos qualitativos e de métodos mistos com componente qualitativo identificável. Coleta e análise de dados: Os dados foram extraídos utilizando o formulário de extração de dados. As limitações metodológicas dos estudos foram avaliadas com a adaptação da Critical Appraisal Skills Programme (CASP). Foi utilizada a abordagem de síntese temática para analisar e sintetizar as evidências e a CERQual (Confidence in the Evidence from Reviews of Qualitative Research) para avaliar a confiança em cada achado. Resultados principais: 27 estudos foram incluídos na revisão. Todos os estudos foram desenvolvidos no Brasil, contemplando todas as regiões do país e perfis de municípios, incluindo os com população quilombola e indígena. Os estudos foram realizados com usuários e gestores do SUS, além de médicos brasileiros, estrangeiros, supervisores e tutores do PMM. Os gestores expressaram satisfação com o programa que permitiu estruturar as equipes de APS, os sistemas locais de saúde, promovendo ampliação de acesso aos serviços e diversidade de ofertas de cuidado. Os usuários expressaram satisfação com o atendimento recebido, conhecimentos e atitudes dos médicos e a humanização do cuidado. Destacaram a facilidade de acesso aos serviços, após o PMM. Os médicos estrangeiros sentirem-se acolhidos nas equipes, estabeleceram boas relações com gestores, profissionais e usuários. Valorizaram o papel dos agentes comunitários de saúde (ACS) e avaliaram positivamente o curso de especialização ofertado, a bolsa e o treinamento inicial. A revisão identificou desafios do PMM, como a supervisão, o idioma e as estratégias de comunicação do programa. Por fim, desvendou desafios da APS e do SUS, como os processos de trabalho das equipes, à falta de insumos e equipamentos, a infraestrutura precária das unidades de saúde, o sistema de referência e contrarreferência, o acesso ao médico especialista e a falta de transporte adequado para acessar os serviços, em regiões rurais e remotas. A confiança em vários achados foi rebaixada de alta para moderada, baixa ou muito baixa. As razões para isso foram às limitações metodológicas dos estudos primários incluídos, assim como quando os achados da revisão foram suportados por poucos dados e as pesquisas realizadas com poucos participantes. Outra razão para o rebaixamento da confiança foi à ausência de representatividade das regiões e dos perfis de municípios do país. Conclusão dos autores: Com a revisão pode-se afirmar que o PMM foi bem aceito pelos três públicos, nos diversos contextos em que foi implementado. A aceitabilidade superou os desafios do PMM em todos os subgrupos analisados, porém os desafios desvendados pelo PMM são muitos e comprometem o cuidado ofertado na APS e a materialização dos princípios do SUS. Entendemos que o PMM mudou a APS brasileira e se estabeleceu como um programa de sucesso, devendo ser aperfeiçoado para a garantia da universalidade e do acesso às populações ao SUS.