Dissertation
Análise da Competência Vetorial de Amblyomma cajennense s.l. (Acari: Ixodidae) na Transmissão da Hanseníase
Fecha
2015Registro en:
FERREIRA, Jessica da Silva. Análise da Competência Vetorial de Amblyomma cajennense s.l. (Acari: Ixodidae) na Transmissão da Hanseníase. 2015. 107 f. Dissertação (mestrado em Biologia Celular e Molecular)-Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2015.
Autor
Ferreira, Jessica da Silva
Institución
Resumen
A hanseníase, cujo agente etiológico é o bacilo Mycobacterium leprae, trata-se de uma doença infectocontagiosa que manifesta-se principalmente por sinais e sintomas dermatoneurológicos, apresentando grande potencial para provocar deformidades e incapacidades físicas. Considerada um agravo de grande importância na saúde pública, planos de controle e erradicação da hanseníase estão entre as ações de relevância nacional, uma vez que o Brasil é o segundo país com maior incidência da doença no mundo. Apesar de ser uma doença milenar, existem inúmeras lacunas acerca de aspectos epidemiológicos, bem como o questionamento do consenso de que o paciente multibacilar não tratado seja a única fonte de infecção. Assim, diversos trabalhos têm sugerido a participação de fontes de infecção não humanas na disseminação da hanseníase, tais como reservatórios naturais e artrópodes vetores. Como o carrapato da espécie Amblyomma cajennense assume um importante papel na transmissão de diversos patógenos para animais e o homem, devido à sua baixa especificidade parasitária, ampla distribuição geográfica e a capacidade biológica de realizar transmissão transovariana de alguns patógenos, trata-se de um excelente modelo de vetor para o estudo Portanto, o presente projeto propôs-se a analisar a competência vetorial do carrapato Amblyomma cajennense em albergar o bacilo, mantê-lo viável, transmiti-lo para a progênie e para o hospedeiro vertebrado através da hematofagia. As análises da viabilidade do patógeno no tecido intestinal de A. cajennense indicam persistência do bacilo até 15 dias após infecção, bem como sua transferência para ovos e larvas de A. cajennense, demonstrando a ocorrência de transmissão transovariana do patógeno. A investigação da capacidade de transmissão via repasto sanguíneo aponta a possibilidade de larvas infectadas serem capazes de inocular o bacilo durante a hematogafia. Além disso, linhagens de células de carrapato mostraram alto percentual de associação com o bacilo, bem como percentual de viabilidade acima do observado em macrófagos humanos após 10 dias de cultivo; por esse motivo algumas destas linhagens apresentam potencial econômico na produção in vitro de M. leprae, possibilitando a geração de cepas transformadas do bacilo, por exemplo. Estes dados demonstram que os carrapatos possuem potencial de atuar como reservatório e/ou vetores da doença, evidenciando a necessidade de mais estudos destinados à confirmação de que esse fenômeno, observado no presente trabalho em condições controladas, é relevante para a epidemiologia da doença. Nossos achados, caso confirmados no campo, implicariam em forte impacto no desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle da hanseníase