Dissertation
Pesquisa de anticorpos anti- hantavírus em casos suspeitos de leptospirose em um Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para Leptospirose (2008-2011) no Rio de Janeiro
Fecha
2014Registro en:
BARBOSA, A. T. de L. Pesquisa de anticorpos anti-hantavírus em casos suspeitos de leptospirose em um Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para Leptospirose (2008-2011) no Rio de Janeiro. 2014. 57 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical) - Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, 2014.
Autor
Barbosa, Angélica Tapia de Lima
Institución
Resumen
A leptospirose é uma zoonose endêmica no Brasil e no Estado do Rio de Janeiro caracteriza-se como uma doença infecciosa febril aguda, potencialmente fatal, principalmente na forma pulmonar. Esta doença tem manifestação proteiforme que requer diagnóstico diferencial com várias doenças infecciosas endêmicas, fato que torna seu diagnóstico difícil e complexo, em especial nos períodos de epidemias. Entre estas doenças infecciosas, destaca-se a síndrome pulmonar por hantavírus (SPH), uma zoonose emergente restrita às Américas, adquirida a partir de roedores silvestres, cujo espectro clínico varia, de doença febril aguda inespecífica a quadros pulmonares e cardiovasculares mais graves e fulminantes caracterizados por insuficiência respiratória com letalidade de 40 a 60%. Considerando que ambas as zoonoses têm os roedores como reservatórios e apresentam particularidades clínicas semelhantes, principalmente com relação à forma pulmonar da leptospirose (FPL) e a SPH, torna necessário o diagnóstico diferencial em pacientes com quadro infeccioso agudo febril com manifestação respiratória procedentes de áreas onde existam espécies de roedores silvestres infectadas
Embora até a presente data nenhum caso de SPH tenha sido notificado no estado do Rio de Janeiro, roedores silvestres infectados com vírus Juquitiba, o genótipo mais frequentemente associado com a doença humana no Brasil, já foram identificados no território fluminense, na divisa com os estados de Minas Gerais e São Paulo, onde há casos de SPH, reforçam a necessidade de estudos. A proposta desse estudo retrospectivo foi (i) analisar os dados clínico-epidemiológicos das amostras de casos suspeitos de leptospirose encaminhadas para o Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para Leptospirose do Instituto ix Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, no período de 2008 a 2011 e (ii), investigar a presença de infecção por hantavírus, utilizando teste sorológico - antígeno recombinante HANTEC, em amostras de casos suspeitos, soronegativas para leptospirose, procedentes dos municípios do estado do Rio de Janeiro, onde roedores infectados por hantavírus foram identificados. Foram analisadas amostras de 108 casos suspeitos negativos sorologicamente para leptospirose, sendo 88% das amostras provenientes do Laboratório Central Noel Nutels (LACEN) e as demais procedentes de hospitais gerais
O sexo masculino correspondeu a maioria, com 77% dos casos, numa faixa etária predominante dos 20-29 anos e 30-39 anos. História epidemiológica positiva para presença de roedores foi verificada em 28.7% dos casos e no período de maior precipitação pluviométrica, respeitando a sazonalidade da leptospirose. Em relação à análise clínica, a frequência das manifestações foi: mialgia (87%), icterícia (47.2%), anúria (31.5%), oligúria (31.5%), cefaleia (18.5%), congestão conjuntival (18.5%), sinais hemorrágicos (12%) e hemorragia pulmonar (6.5%). A análise sorológica dessas amostras, que atenderam aos critérios de inclusão para a pesquisa de hantavírus, mostrou-se negativa. Embora mais estudos sejam necessários, os resultados obtidos apontam para a ausência de infecção por hantavírus em amostras humanas de casos suspeitos de leptospirose na forma pulmonar em um estado onde, curiosamente, o vírus Juquitiba, identificado no roedor reservatório Oligoryzomys nigripes, se encontra, com base na análise filogenética, separado dos outros hantavírus Juquitiba identificados no território brasileiro