Dissertation
A influência do racismo nos itinerários terapêuticos de pessoas com doença falciforme na rede de saúde do Estado de Pernambuco
Fecha
2019Registro en:
QUEIROZ, Taís de Jesus. A influência do racismo nos itinerários terapêuticos de pessoas com doença falciforme na rede de saúde do Estado de Pernambuco. 2019. 211 p. Dissertação, (mestrado)-Instituto Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2019.
Autor
Queiroz, Taís de Jesus.
Institución
Resumen
A Doença Falciforme (DF) é a doença de origem genética mais prevalente no mundo e no Brasil, é considerada um problema de saúde pública pela alta morbidade, mortalidade e sofrimento causado aos seus portadores. A DF é causada por mutação nos genes que codificam a hemoglobina normal (HbA), dando origem a hemoglobina mutante (HbS). No Brasil, historicamente, a racialização da DF tem influenciado na invisibilidade das demandas de saúde das pessoas com DF, na organização das ações e serviços de saúde e na atitude dos profissionais de saúde. Deste modo, o objetivo deste trabalho é analisar a expressão do racismo nos Itinerários Terapêuticos (IT) das pessoas com Doença falciforme em busca de tratamento para crises dolorosas agudas nos serviços de urgência e emergência do estado de Pernambuco. Para isso, realizou-se um estudo qualitativo, por meio de entrevistas semiestruturadas com 7 (sete) atores chaves, pessoas com DF e seus cuidadores, moradores da cidade de Recife e Região metropolitana, que buscaram desvelar a influência do racismo no itinerário terapêutico de pessoas com DF. Os estudos de IT são uma importante ferramenta para compreender a influência dos “macroprocessos sócio-culturais” na experiência individual e coletiva de busca de cuidado. Dentre os principais achados deste estudo destaca-se a dor, enquanto aspecto clínico mais marcante na experiência com a DF, que motiva a maior parte das buscas aos serviços de saúde de urgência e emergência, serviços nos quais emergem a maior parte dos conflitos com os profissionais de saúde por motivações raciais. Dentre os aspectos que caracterizam o racismo na atenção à saúde das pessoas com DF estão a acusação generalizada de vício em morfina, restrições no acesso ao medicamento, desconfiança no nível de dor e a injustiça no tratamento. Uma série de omissões relativas à organização da rede e gestão das ações, como oferta de medicamentos, formação de trabalhadores, articulação e qualificação dos serviços da rede de saúde para atendimento às situações agudas relativas às crises álgicas, também foram identificadas e caracterizadas como aspectos políticos-programáticos do racismo institucional .