Thesis
Alergia ao Kathon CG/metilisotiazolinona: aspectos clínicos, sociodemográficos e ocupacionais de uma epidemia no Rio de Janeiro
Fecha
2020Registro en:
VILLARINHO, Ana Luiza Castro Fernandes. Alergia ao Kathon CG/metilisotiazolinona: aspectos clínicos, sociodemográficos e ocupacionais de uma epidemia no Rio de Janeiro. 2020. 172 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública e Meio Ambiente) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2020.
Autor
Villarinho, Ana Luiza Castro Fernandes
Institución
Resumen
Preservativos são substâncias adicionadas aos cosméticos com o objetivo de inibir o crescimento de microrganismos, aumentando a vida útil do produto e reduzindo o risco de infecções. Desde 2010, tem- se notado em todo o mundo o aumento epidêmico da taxa de sensibilização ao conservante metilisotiazolinona. Embora este preservativo seja encontrado também em produtos de uso industrial, de limpeza e tintas, sabe-se que a epidemia atual está associada à sua aplicação em cosméticos, seja de forma isolada ou associada a metilcloroisotiazolinona, quando recebe o nome de Kathon CG. No Brasil, a legislação sanitária permite a utilização da metilisotiazolinona em cosméticos na concentração de até 100 ppm e não há inquéritos epidemiológicos para avaliar uma possível epidemia de sensibilização. Esta tese de doutorado, desenvolvida no formato de artigos, objetivou analisar o perfil de sensibilização a estas isotiazolinonas no país e os impactos na esfera ocupacional e na alergia aos cosméticos. Através de um estudo seccional, realizado com 768 pacientes submetidos ao teste de contato entre 2013-17, evidenciou-se que 21,7% dos casos foi positivo para o Kathon CG, enquanto entre os 303 que testaram a metilisotiazolinona, 26,6% (2016-17) tiveram teste positivo, este último um dos maiores índices descritos na literatura. O sexo feminino apresentou maior chance de alergia a MI/Kathon CG e fotossensibilidade foi observada em 42% dos casos. A dermatite de contato alérgica a cosméticos foi diagnosticada em 251 (32,7 %) pacientes, sendo que entres estes, 60% era sensibilizado ao Kathon CG. Considerando os 217 casos ocupacionais da amostra, 31,3% era alérgico a metilisotiazolinona/Kathon CG. Dentre estes, as profissões mais prevalentes foram atividades domésticas (30,9%) e relacionada a limpeza (30,9%). Embora o acometimento de profissões associadas a tintas não tenha sido relevante neste estudo, a análise das fichas de composição química de diversas tintas comercializadas no país evidenciou altas concentrações de isotiazolinonas nas fórmulas. Os dados apresentados reforçam a necessidade da discussão dos limites tolerados de metilisotiazolinona em cosméticos nacionais, já proibida em produtos sem enxague no continente europeu, e das estratégias de cosmetovigilância no país.