Dissertation
Diversidade da microbiota intestinal de Aedes albopictus (Diptera: Culicidae) em áreas com diferentes paisagens do Rio de Janeiro
Fecha
2022Registro en:
BALTAR, João Miranda da Costa. Diversidade da microbiota intestinal de Aedes albopictus (Diptera: Culicidae) em áreas com diferentes paisagens do Rio de Janeiro. 2022. 131 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Parasitária) - Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2022.
Autor
Baltar, João Miranda da Costa
Institución
Resumen
Aedes albopictus é responsável pela transmissão de DENV e CHIKV na Ásia e África, respectivamente. Em condições de laboratório possui competência para transmitir diversos arbovírus. No Brasil, esta espécie tem um papel vetorial ainda indefinido, porém com potencial de atuar como vetor-ponte de vírus em interfaces urbano-florestal. Fatores com potencial em influenciar infecções por arbovírus em mosquitos, além de afetar o desenvolvimento e biologia destes vetores, vêm sendo investigados, como é o caso da microbiota intestinal. Sabe-se que o ambiente é importante na formação da microbiota, contudo pouco se sabe a respeito da influência da paisagem e seus elementos na estrutura da microbiota de mosquitos vetores. Assim, o presente estudo visa caracterizar a microbiota intestinal de três populações de Ae. albopictus provindas de áreas com diferentes paisagens (comunidade / bairro arborizado / floresta) no Rio de Janeiro (Brasil). Além de analisar o efeito da colonização de mosquitos em laboratório no perfil da microbiota destes insetos. Para tanto, os mosquitos foram coletados em três diferentes localidades, em dois períodos de coleta correspondendo a duas estações distintas. Ovos também foram coletados e criados em laboratório para a geração de grupos F1 referentes às localidades de coleta. Como grupo controle de laboratório, uma colônia de Ae. albopictus com mais de 20 gerações de criação em insetário foi mantida nas mesmas condições de F1. Os mosquitos tiveram os intestinos dissecados, armazenados individualmente e o DNA foi extraído de 96 amostras, que prosseguiram para sequenciamento do gene 16S rRNA, em Illumina Miseq. As sequências obtidas foram analisadas utilizando o programa QIIME2 (versão 2021.4), fazendo uso de quatro variáveis categóricas (local, período, origem e população), para investigação da diversidade dentre (alfa) e entre (beta) a microbiota das amostras intestinais, além da abundância relativa dos principais táxons encontrados, core bacteriano de Ae. albopictus e análise da composição dos microbiomas (ANCOM). Diferenças significativas em relação à diversidade alfa e beta, entre a microbiota de mosquitos de campo e laboratório e entre os diferentes períodos de coleta foram observadas. Em geral, o grupo de mosquitos F1 demonstrou uma queda na riqueza e diversidade, além de agrupar na composição da microbiota com o grupo de laboratório. Este resultado indica que apenas uma geração de criação em laboratório (F1) foi suficiente para que a estrutura da microbiota de mosquitos de campo sofresse mudanças significativas. Em relação à composição da microbiota intestinal dos diferentes grupos, levando-se em conta abundância relativa dos 12 táxons mais dominantes, os resultados obtidos indicaram uma dominância de Acetobacteraceae em mosquitos criados em laboratório e uma ausência em mosquitos de campo Esta dominância de Acetobacteraceae em F1 foi correlacionada com a ausência de Wolbachia neste grupo, com este táxon apresentando uma abundância elevada e uma assinatura bacteriana em mosquitos de campo. Hipotetizamos que este resultado seja em função de uma correlação negativa entre ambos os táxons, já apresentada em outros trabalhos. O core geral de Ae. albopictus foi composto por Enterobacteriaceae, Pseudomonadaceae, Moraxellaceae, Actinomycetales e Halomonadaceae. Estudos que investiguem a microbiota de diferentes populações de mosquitos vetores são de extrema importância, visando ampliar o conhecimento acerca de quais são os fatores que influenciam na formação de sua microbiota, quais táxons estão associados a determinadas espécies independente de origem geográfica, perfil genético ou sazonalidade. Além disso, gera conhecimento básico para ser aplicado em abordagens de controle vetorial a partir destas bactérias, tal qual a paratransgênese