Thesis
Prevenção do câncer no Brasil: mudança conceitual e continuidade institucional no Século XX
Fecha
2019Registro en:
ARAÚJO NETO, Luiz Alves. Prevenção do câncer no Brasil: mudança conceitual e continuidade institucional no Século XX. 2019. 341 f. Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2019.
Autor
Araújo Neto, Luiz Alves
Institución
Resumen
Esta tese discute a história conceitual e institucional da prevenção do câncer no Brasil no século XX. Permeada por incertezas no início do século XX, a prevenção ganhou cada vez mais espaço na medicina do câncer e na formulação da atenção oncológica no país. Sugiro que isso decorreu principalmente de dois marcos conceituais: o deslocamento da noção de detecção precoce para o campo semântico da prevenção e o desenvolvimento de uma concepção quantificada de prevenção através dos parâmetros da epidemiologia. Entre 1900 e 1960, transformações no conhecimento médico e a institucionalização do cuidado aos cancerosos levaram à estabilização das incertezas quanto à prevenção e à afirmação de que a melhor estratégia contra a doença é o diagnóstico precoce, pois permite identificar o estágio de pré câncer e reduzir a mortalidade geral pelos tumores. A partir dos anos 1960, o desenvolvimento da epidemiologia das doenças crônicas e da noção de risco epidemiológico promoveu outra mudança conceitual na prevenção, agora associada à quantificação, ao planejamento em saúde e a programas de controle do câncer. Nesse processo, porém, um modelo institucional centrado na valorização da detecção precoce foi estabelecido no país, tendo como base a experiência dos hospitais filantrópicos e a Campanha Nacional Contra o Câncer de meados do século. O argumento desta tese é que a história da prevenção do câncer no Brasil é marcada pela tensão entre a mudança conceitual e a continuidade institucional, o que impõe desafios à implantação de políticas de saúde no campo da prevenção e a programas de controle do câncer no país.