Thesis
Aspectos da leishmaniose visceral canine: epidemiologia, sorologia e novas perspectivas de tratamento
Fecha
2011Registro en:
SILVA, L. A. Aspectos da leishmaniose visceral canine: epidemiologia, sorologia e novas perspectivas de tratamento. 2011. 116 f. Tese (Doutorado em Patologia) - Universidade Federal da Bahia. Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Salvador, 2011.
Autor
Silva, Lucileine Amorim
Institución
Resumen
A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma doença sistêmica grave, causada pelo
protozoário Leishmania chagasi. Os mecanismos envolvidos na susceptibilidade e resistência
dos cães a esta infecção são controversos. Neste trabalho, os aspectos epidemiológico,
imunológico e terapêutico da LVC foram estudados. Inicialmente foi realizado um estudo
epidemiológico na Raposa, município de alta endemicidade para LVC, localizado na ilha de
São Luís, Maranhão. A triagem dos animais soropositivos para Leishmania foi feita por
ELISA e os cães soropositivos foram clinicamente avaliados. Os animais foram classificados
em assintomáticos e sintomáticos de acordo com os sinais clínicos, sendo avaliado seu perfil
epidemiológico, incluindo sexo, convivência com outros animais, tipo de alimentação e idade.
A sorologia para IgG1 e IgG2 anti-Leishmania foi feita por ELISA e foi testada a presença de
correlação entre as subclasses e os sinais clínicos. Em seguida, foi investigada a produção de
óxido nítrico (NO), interferon-g (IFN-g) e fator de necrose tumoral (TNF-a) no soro e
sobrenadante de cultura do linfonodo e baço. Na segunda fase da pesquisa, foram utilizados
cães da raça Beagle. Após confirmação da infecção por Leishmania chagasi por PCR, os cães
foram divididos em dois grupos (n=10/grupo) e foram tratados durante 90 dias, por via oral,
diariamente, com Aluporinol (droga de referência) ou com um composto químico promissor,
Haloacetamido (droga teste). A cada 30 dias, foi realiza avaliação clínica e bioquímica sérica.
Foram quantificadas também as concentrações séricas de IL-10, IFN-g e Superóxido
dismutase (SOD). A carga parasitária foi monitorada nos linfonodos por PCR em tempo real e
na pele por imunohistoquimica. O acompanhamento dos animais foi continuado até 90 dias
após o final do tratamento. Os resultados obtidos demonstraram que a soroprevalência foi de
29,6%. Do total de cães infectados, a maioria eram machos, jovens, conviviam com outros
animais e se alimentavam de comida caseira. Em relação aos sinais clínicos, 37% eram
assintomáticos e 63% eram sintomáticos. Os cães sintomáticos apresentaram aumento de
anticorpos IgG anti-Leishmania, de NO e de IFN-g, entretanto, apresentaram uma diminuição
na produção de TNF-a. Houve correlação positiva entre os níveis de IgG2 e o número de
sinais clínicos. O tratamento com Haloacetamido reduziu significativamente a carga
parasitária, tanto nos linfondos quanto na pele, e aumentou a produção de SOD no ultimo mês
de tratamento, mas induziu uma piora no quadro clínico, sem alterações séricas hepáticas e
renais, quando comparado ao tratamento com Alopurinol. Entretanto, noventa dias após a
suspensão dos fármacos, não houve diferenças entre os grupos nos parâmetros avaliados, com
exceção das citocinas que forma aumentadas nos animais tratados com Haloacetamido. Dessa
forma, demonstramos que: o NO, associado ao aumento de IFNg, pode induzir diminuição nas
concentrações de TNF-a e concomitante imunossupressão nos cães;, que a produção
aumentada de IgG2 parece estar relacionada ao quadro mais grave da infecção; e que embora
sejam necessários estudos complementares para comprovar a sua eficácia a longo prazo, o
tratamento com o Haloacetamido, pode reduzir a carga parasitária de animais infectados,
aumentando a produção de SOD e regulando a secreção de citocinas.