Thesis
Disseminação de vírus entéricos na cadeia de produção de alfaces orgânicos na região serrana do Rio de Janeiro, Brasil
Fecha
2018Registro en:
WERNECK, L. M. C. Disseminação de vírus entéricos na cadeia de produção de alfaces orgânicos na região serrana do Rio de Janeiro, Brasil. 2018. 97 f. Tese (Doutorado em Vigilância Sanitária)-Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2018.
Autor
Werneck, Lúcia Maria Corrêa
Institución
Resumen
Este estudo, pioneiro na investigação da disseminação de vírus entéricos na cadeia produtiva de alfaces orgânicos no Estado do Rio de Janeiro, tem como principal objetivo demonstrar estes patógenos como importantes contaminantes ambientais, assim como sua utilização como marcadores de contaminação fecal humana. A pesquisa de norovírus (NoV), rotavírus A (RVA), adenovírus humano (HAdV) e enterovírus (EV) foi realizada na região do Brejal, município de Petrópolis, uma das maiores áreas de produção agrícola do Estado. Nos anos de 2010 e 2011 foram realizadas doze campanhas de coleta, onde foram obtidas um total de 60 amostras de água nas diferentes etapas de produção (nascente, irrigação, lavagem) e 36 de alfaces, incluindo mudas e alfaces adultas. Para avaliar a qualidade da água, parâmetros físico-químicos e indicadores bacteriológicos, como coliformes totais e Escherichia coli ,também foram quantificados. Para detecção e quantificação viral todas as amostras foram concentradas pelo método de adsorção-eluição, com membrana carregada negativamente, com volumes iniciais de dois litros (2 L) e 25 gramas (g) de água e alface, respectivamente e analisadas pela reação em cadeia da polimerase quantitativa (qPCR), utilizando sistema TaqManTM. Vírus foram detectados em 48,4% das amostras de água (29/60) e em 44,5% (16/36) de amostras de alface, com concentrações variando de 7,29 x101 a 4,72 x106 cg/L e de 4,29 x101 a 5,56 x104 cg/25 g, respectivamente. HAdV foram detectados em todos os pontos de coleta de água e alface (11,5% - 11/96), embora os RVA tenham sido os mais prevalentes com 14,6% (14/96) de detecção, seguidos dos EV ([12,5%] 12/96) e dos NoV ([8,3%] 8/96). Amostras positivas para HAdV foram processadas para isolamento viral em cultura de células A549, HEK 293 e HEp-2 e as positivas para EV em cultivos celulares RD, MRC-5 e HEp-2c. Embora não se tenha demonstrado a infecciosidade dos vírus detectados, níveis de concentração na ordem de 104 em alfaces prontas para comercialização, a presença de pelo menos dois vírus diferentes em todos os pontos estudados, assim como a detecção em águas caracterizadas como adequadas pelos parâmetros bacteriológicos demonstram a importância da utilização dos vírus como marcadores de contaminação ambiental em cadeias produtivas de hortaliças, afim de assegurar a qualidade destes alimentos. Valores de Escherichia coli superiores ao estabelecido pela legislação corroboraram para a má qualidade da água utilizada na irrigação das mudas.