Dissertation
Detecção de Leishmania sp. em pequenos mamíferos silvestres e sinantrópicos no município de Belo Horizonte,MG
Fecha
2008Registro en:
MELO, Lutiana Amaral de. Detecção de Leishmania sf. em pequenos mamíferos silvestres e sinantrópicos no município de Belo Horizonte, MG. 2008. 90 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde na área de concentração: Biologia Celular e Molecular)-Fundação Oswaldo Cruz. Centro de Pesquisas René Rachou. Belo Horizonte. 2008.
Autor
Melo, Lutiana Amaral de
Institución
Resumen
As Leishmanioses do Novo Mundo são classicamente caracterizadas com
o zoonoses de
ecótopos silvestres. No entanto, os parasitos do gênero
Leishmania
têm demonstrado ao longo
dos anos uma notável plasticidade, exemplificada pela diversidade de
espécies deste gênero
encontrada nas Américas, bem como sua adaptação a diferentes vetor
es e hospedeiros. Foi
esta capacidade de adaptação que, lhes permitiu persistir, ao long
o dos anos, frente às
mudanças ecológicas impostas pelo comportamento humano. As profundas modi
ficações
ambientais, em razão do desmatamento e da urbanização descontrola
da podem resultar na
extinção de espécies vetoras e hospedeiras e na subseqüente adaptaçã
o e interação dos
parasitos com novas espécies. A interação parasito-vetor-hospedeiro
no contexto das
leishmanioses é complexa e dinâmica. Um processo de “sinantropizaç
ão” do ciclo de
transmissão envolvendo hospedeiros como o cão doméstico, vem sendo observado para
a
Leishmaniose Visceral e de forma mais lenta e menos evidente,
também para a Leishmaniose
Tegumentar. Belo Horizonte, nos últimos 20 anos, caracterizou-se com
o região endêmica para
leishmanioses. Estudos epidemiológicos para busca ativa de reserva
tórios silvestres destas
doenças são escassos no país e em Belo Horizonte não há qualquer estudo
prévio. Com o
objetivo de detectar a presença de
Leishmania
sp. em pequenos mamíferos, silvestres e
sinantrópicos, capturados na Regional Nordeste em Belo Horizonte, MG
, foram colocadas
armadilhas no peridomicílio e em fragmentos de mata da área de
estudo. Os animais
capturados foram sacrificados e amostras biológicas (baço, fígado,
pele, sangue, medula
óssea) foram coletadas para a detecção da infecção através
de métodos parasitológicos
(cultura) e moleculares. Durante o período de coletas (junho
⁄
2006 a junho
⁄
2007) foram
capturados (1)
Akodon
sp., (4)
Bolomys lasiurus
, (22)
Mus musculus
, (5)
Oryzomys
grupo
subflavus
, (9)
Rattus novergicus
, (19)
Rattus rattus
entre roedores e
(33) Didelphis albiventris
e
(1) D. aurita,
marsupiais,
além de
(2) Galictis
sp., carnívoro. Dentre os animais capturados,
dois espécimes de gambás apresentaram formas flageladas na c
ultura de medula. Detectou-se
infecção mista, por
T. cruzi
e
T. rangeli,
através da PCR em um dos isolados, tendo sido
confirmada a infecção por
T. cruzi
através de isoenzimas. O outro isolado foi identificado
como
Leishmania (Leishmania
) através de testes moleculares e isoenzimas. Além disso,
28
animais (29%), das diferentes ordens, apresentaram-se positivos na
PCR convencional para o
gênero
Leishmania
. Destaca-se, pela primeira vez, o achado de
Leishmania (Viannia)
em
D.
aurita, Galictis sp., Mus musculus
e
Rattus novergicus
. Nas amostras de tecido identificou-se,
através da PCR-RFLP e da hibridização com sondas subgênero especí
ficas,
Leishmania
(
Viannia)
como
agente etiológico.
Provavelmente, trata-se de
L. (V.) braziliensis,
pois esta
tem sido a única espécie deste subgênero isolada na área. Esta
espécie circula entre os
mamíferos sinantrópicos, roedores e gambás, capturados tanto na área
verde quanto
peridomiciliar, urbana e densamente habitada. Inquéritos entomológicos
, na mesma área, têm
encontrado
Lutzomyia whitmani
como a espécie mais freqüentemente capturada. Diante disso,
observa-se que, todos os elos da cadeia epidemiológica de transmissão
de LTA, agente
etiológico, vetor, animais infectados apresentando parasitismo cutâne
o e o homem, coexistem
neste ambiente. Sendo assim, é possível que estes animais possam,
em determinadas
circunstâncias, participar do ciclo de transmissão. No entanto, a
sua real contribuição deve ser
objeto de investigações complementares que envolvam, por exemplo, xenodiag
nóstico e
quantificação da carga parasitária.