Dissertation
A geografia da mortalidade por homicídios em municípios da fronteira internacional do estado do Mato Grosso do Sul com o Paraguai
Date
2013Registration in:
WIDER, Alberto Jungen. A geografia da mortalidade por homicídios em municípios da fronteira internacional do estado do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. 2013. 76 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2013.
Author
Wider, Alberto Jungen
Institutions
Abstract
Os homicídios têm sido responsáveis pelo aumento da mortalidade relacionada à
violência no Brasil e trata-se de importante problema de saúde pública. A fronteira
internacional é uma região considerada vulnerável do ponto de vista da segurança
pública, por ser altamente visada para a realização de atividades ilícitas como o
contrabando, o tráfico de drogas e de armas. A fronteira do Brasil com o Paraguai é
considerada uma das mais ativas e também críticas do ponto de vista da segurança
e da violência. O objetivo desse estudo é verificar a existência de um diferencial do
risco de mortalidade por homicídios na região da fronteira internacional do Brasil
com o Paraguai no estado do Mato Grosso do Sul, identificando os seus principais
determinantes, no período de 2005 a 2010. Trata-se de um estudo de correlação
ecológica, retrospectivo no período de 2005-2010, com base de dados secundários
de mortalidade por agressões no Mato Grosso do Sul com foco na fronteira
internacional. Utilizaram-se dados disponíveis no DATASUS e no IBGE: óbitos
captados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), de indicadores
demográficos, socioeconômicos e de cobertura de saúde. Para a análise de
tendência, utilizou-se o software estatístico SPSS® versão 13.0 aplicando-se testes
estatísticos para análise das variáveis através de teste de correlação entre os
indicadores de homicídios, demográficos, socioeconômicos e de cobertura de saúde,
realizou-se a análise comparando-se três categorias geográficas (Linha, Faixa de
Fronteira e Fora da Fronteira), e também entre as categorias geográficas (Fronteira
e Fora da Fronteira), aplicou-se o método Bayesiano Empírico Local de suavização
para controlar as flutuações aleatórias das taxas de homicídios e avaliação de Risco
Relativo com tabelas de contingência para avaliação de exposição na região da
Faixa de Fronteira em relação à região Fora da Fronteira. A análise estatística
apontou correlações fracas e estatisticamente significativas entre as taxas de
homicídios e os indicadores socioeconômicos e de cobertura de saúde. Verificou-se
que os municípios da linha de fronteira possuem os piores indicadores
socioeconômicos e as maiores taxas de homicídios em relação aos outros
municípios da faixa de fronteira e de fora da fronteira para a população geral, em
ambos os sexos, para a população na faixa etária de 15 a 24 anos e para a
população indígena. A análise entre a faixa de fronteira e a região fora da fronteira
mostrou resultados estatisticamente significativos com maiores taxas de homicídios
na faixa de fronteira para a população na faixa etária de 15 a 24 anos, na população
geral e para a população do sexo masculino no período de 2005 a 2010, o mesmo
ocorrendo com a taxa de homicídios na população indígena no ano de 2010. A
análise espacial mostrou que as maiores taxas de homicídios localizam-se nos
municípios da linha de fronteira internacional com o Paraguai (07 municípios com 04
cidades gêmeas), em municípios da região central do estado, no entorno da rodovia
BR 463 (em direção a capital Campo Grande e ao Estado de São Paulo) e na
porção sul do Mato Grosso do Sul, no entorno da rodovia MS 164, formando um
corredor na direção ao Estado do Paraná. Foi possível observar que a região da
fronteira internacional do Mato Grosso do Sul apresenta maior risco para homicídios,
no período de 2005 a 2010, em particular na população na faixa etária de 15 a 24
anos na população geral (RR = 1,12), na faixa etária de 15 a 24 anos do sexo
masculino (RR = 1,18) e menor risco relativo para a taxa de homicídios na
população indígena (RR = 0,31), no período de 2010.