Thesis
Avaliação do 17-AAG como agente leishmanicida e seu mecanismo de ação na indução da morte de parasitos do gênero Leishmania spp.
Fecha
2015Registro en:
Petersen, A. L. de O. A. Avaliação do 17-AAG como agente leishmanicida e seu mecanismo de ação na indução da morte de parasitos do gênero Leishmania spp. 103 f. il. Tese (Doutorado em Patologia Humana) – Universidade Federal da Bahia. Fundação Oswaldo Cruz, Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Salvador, 2015.
Autor
Petersen, Antonio Luis de Oliveira Almeida
Institución
Resumen
A leishmaniose é uma doença endêmica no Brasil causada por parasitos
protozoários do gênero Leishmania. A quimioterapia continua sendo a forma mais
efetiva de tratamento com os antimoniais pentavalentes sendo usados há mais de
70 anos como a primeira linha de tratamento. O uso deste e de outros fármacos
apresenta efeitos adversos graves, os esquemas terapêuticos empregados são
desconfortáveis, além de relatos do aumento de casos de resistência. A proteína de
choque térmico 90 (HSP90) é um membro da família das chaperonas presente em
células eucarióticas e bactérias. Essa proteína é fundamental para o dobramento e
estabilização de diferentes proteínas, chamadas genericamente de proteínas
cliente. Essa chaperona vem sendo considerada um importante alvo molecular para
o tratamento de diferentes doenças parasitárias. Nessa tese, o inibidor específico da
atividade ATPásica da HSP90, o 17-allilamino-17-demethoxigeldanamicina (17-
AAG) foi testado em parasitos do gênero Leishmania. Inicialmente, avaliamos o
efeito em cultura axênica e observamos que o 17-AAG causa a morte desses
parasitos em concentrações inferiores às necessárias para causar a morte de
macrófagos. Observamos também que o tratamento com 17-AAG promove a morte
intracelular dos parasitos em concentrações que variam de 25 a 500 nM nos
tempos de 24 e 48 h, sendo também eficaz contra a forma amastigota em tempos
mais tardios como 96 h de infecção. Os parasitos morrem independentemente da
produção de moléculas microbicidas pelo macrófago, como superóxido e óxido
nítrico, que tiveram sua produção reduzida em 61 e 58 %, respectivamente. O
tratamento com 17-AAG também reduziu a produção de mediadores próinflamatórios
como TNF-α, IL-6 e MCP-1 em 35, 35 e 92 %, respectivamente.
Utilizando o modelo de camundongos BALB/c infectados por Leishmania braziliensis
na orelha demonstramos que o tratamento com 17-AAG causou redução do
tamanho da lesão cutânea em 0,5 mm e da carga parasitaria no local da infecção
em 25 %, no entanto, não foi capaz de reduzir a carga parasitaria no linfonodo
drenante. Análise por microscopia eletrônica de transmissão de macrófagos
infectados e tratados com 17-AAG revelou alterações características de um
processo autofágico com vacuolização do citoplasma e formação de vacúolos com
dupla membrana, além da presença de figuras de mielina. Utilizando parasitos
transgênicos observamos que 17-AAG induz um aumento de 30 % na formação de
autofagossomos, que tem a sua capacidade de fusão com glicossomos e
lisossomos reduzida. Além disso, parasitos ATG5 knockout, incapazes de formar
autofagossomos foram cerca de 90% mais resistentes à morte induzida pelo AAG em relação a parasitos selvagens. Observamos, também, que o tratamento
com MG132, um inibidor da atividade do proteassoma, assim como o 17-AAG
induziu o acúmulo de proteínas ubiquitinadas de parasitos, especialmente em
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parasitos incapazes de formar autofagossomos, sugerindo um papel da autofagia na
degradação de proteínas ubiquitinadas. Por último, observamos que o MG132 foi
capaz de induzir a formação de autofagossomos sugerindo uma ligação entre o
acúmulo de proteínas ubiquitinadas e a indução da via autofágica. Em conjunto,
nossos resultados indicam que o HSP90 é um alvo molecular que dever ser
explorado no tratamento das leishmanioses.