Periodical
RADIS - Número 42 - Fevereiro
Fecha
2006Registro en:
RADIS: Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP, n. 42, fev. 2006. 20 p. Mensal.
Autor
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
Institución
Resumen
Democratizar os meios de comunicação, diversificando radicalmente as fontes de produção de informação, ou quebrar o monopólio na informática, ampliando o uso de software livre, são estratégias importantes para a sociedade brasileira e fazem bem à saúde. Mas comunicação em saúde é muito mais do que isso, afirmam os participantes do I Seminário Nacional de Informação, Comunicação e Informática em Saúde, promovido pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e registrado em nossa matéria de capa.
Saúde ainda é tratada na mídia como assunto de interesse e consumo individual, como produto vendido em favor de clínicas, planos e indústrias privadas, ou como mazelas de um Sistema Único de Saúde visto apenas como um conjunto de hospitais públicos, como no tempo do Inamps. Por outro lado, no âmbito da saúde pública, ainda é freqüente limitar a visão de comunicação ao que fazem a mídia e as assessorias de imprensa, a megacampanhas pouco esclarecedoras ou a cartilhas com linguagem infantilizada.
Eliane Cruz, secretária-executiva do CNS, lembra que sempre que se discutia uma política de comunicação no SUS, pensava-se em como atingir a grande mídia. Com o tempo, viu-se que o caminho prioritário é o inverso e começa pela mobilização e articulação dos conselhos de saúde.
Angélica Silva, do Canal Saúde, sonha com a inclusão digital e uma plenária virtual permanente entre os conselhos. Eliane sonha com os conselheiros se comunicando diretamente com o usuário do SUS e os trabalhadores de saúde: “Nosso objetivo não é aparecer no Jornal Nacional”.
O Programa RADIS busca manter uma linha editorial coerente e crítica e se esforça para acolher diversas vozes e publicar opiniões de leitores e segmentos diversos. Mas não deixa de ser uma espécie de Jornal Nacional da saúde pública, “transmitindo” informação de um ponto central para todo o país, numa relação predominantemente unidirecional. Por isso, desejamos e queremos contribuir para que a sociedade organizada suplante as limitações de nossa revista e do nosso sítio na internet, capilarizando os fluxos de informação e participação com estratégias e processos descentralizados e diversificados de comunicação em saúde. Cada conselho de saúde, movimento social, entidade sindical ou instituição deve exercer seu direito de comunicar, produzindo uma polifonia realmente democrática no campo da saúde.
Para Áurea Pitta, do Centro de Informação Científica e Tecnológica da Fiocruz, a comunicação é “o cerne da democracia” e vivemos numa arena em que cada instituição, cada grupo político disputa o poder de dizer, mostrar, fazer valer, fazer crer.
Comunicação, portanto, é poder. É constante disputa para dar sentido a informações, fatos, realidades. Isso não pode ser desconsiderado, assim como a compreensão e a valorização da produção de sentidos no campo da “recepção”. Se o SUS que queremos é baseado na atenção, na participação popular, numa construção solidária, as políticas de comunicação em saúde devem compartilhar esse poder, incluir outra dimensão também presente na comunicação e tender à interação e à mobilização na sociedade. Em sua dimensão mais humana, comunicação não é “de/para”, é “com/entre”. É ouvir, é diálogo, vínculo essencial com o outro.
Rogério Lannes Rocha Coordenador do RADIS