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Publicização da internação compulsória: uma solução para o crack?
Fecha
2018Registro en:
BORGES, Wilson Couto; BORGES, Vânia Coutinho Quintanilha. Publicização da internação compulsória: uma solução para o crack?. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS EM SAÚDE, 8., 2019, João Pessoa. Anais... João Pessoa: ABRASCO, 2019. 2 p.
978-85-85740-10-8
Autor
Borges, Wilson Couto
Borges, Vânia Coutinho Quintanilha
Institución
Resumen
Partimos da premissa de que a imprensa interfere decisivamente na forma como atores sociais empregam sentido ao mundo, especialmente pelo modo como as questões de saúde são publicizadas e midiatizadas. No caso particular do crack, interessa-nos observar como é construída discursivamente a perspectiva de que a Internação Compulsória é a melhor alternativa para “solução do conflito”. Investigar como as questões de publicização e de midiatização da saúde geram impactos sociais, compreender o processo de produção de sentidos em torno das drogas e contribuir para equidade no tratamento de usuários e dependentes. Utilizamos como referencial metodológico a Semiologia dos Discursos Sociais, buscando identificar as marcas deixadas pelos discursos jornalísticos. Neste trabalho, especificamente em O Globo. Com relação à publicização, a partir de Oliveira (2010), torna-se possível capturar como os sentidos se revelam um potente fator na construção dos imaginários sociais. Com Althusser (1996), verificando as formas como a opinião pública é interpelada na direção da legitimação da Internação Compulsória. Tal movimento encontra em Romeyer (2013), com a proposta da publicização de temas da saúde, uma das maneiras pelas quais os sentidos entram em disputa no campo social da mídia. A noção de publicização foi fundamental para que compartilhássemos da perspectiva de que fatores positivos e negativos aparecem na maneira como os veículos de comunicação fazem chegar a temática à sociedade. Ao tomarmos o crack e a internação compulsória como objeto de estudo, pudemos perceber o quanto os interesses podem estar manifestos na forma como cada tema é apresentado. Porém, não há como controlar os desdobramentos e os efeitos que tal publicização assume, especialmente porque ela está imerso numa disputa maior, que é de longuíssima duração, num diálogo com aquilo que em grande parte já está assentado no imaginário coletivo sobre a periculosidade da droga e do drogado. A publicização de um discurso jornalístico sobre crack pelo prisma da violência e da criminalidade tem orientado o debate público sobre a questão, que deveria ser predominantemente de saúde, para que a discussão avance não tanto como relevante questão de saúde, mas interpelando atores sociais na direção de buscar mais punição para os dependentes, atualizando e justificando a conhecida forma de tratar os desviantes: o encarceramento.