Avaliação da eficiência do levedo de cerveja como atrativo para Aedes (Stegomyia) aegypti Linnaeus, 1762 (Diptera: Culicidae) em armadilhas do tipo ovitrampas no município de Macapá, Amapá

Abstract

A expansão geográfica da dengue, que se mantém como um dos principais problemas de saúde pública a nível mundial, reforça o conhecimento da epidemiologia das viroses e de seus vetores quanto às diferentes disposições do espaço. Para que as medidas de controle do Aedes aegypti preconizadas pelo Ministério da Saúde sejam eficientes, faz-se necessário a obtenção de indicadores confiáveis e oportunos, afim de que possam predizer infestações, bem como direcionar, priorizar e adotar medidas de controle adequadas. A escolha de criadouros por fêmeas de Ae. aegypti é influenciada por estímulos visuais, físicos e químicos. Assim, as armadilhas de oviposição do tipo ovitrampas associadas a substâncias atrativas são ferramentas de monitoramento operacionalmente simples e viáveis, que têm se mostrado eficazes quanto à detecção precoce da presença do vetor, variações no nível de infestação por área e sua distribuição espacial. Buscando-se desta forma o emprego de substâncias de fácil padronização, reprodução, aplicação e acima de tudo aceitação por parte da população os objetivos deste trabalho foram (a) detectar a eficiência do levedo de cerveja quanto atrativo nas armadilhas de oviposição (ovitrampas), comparado com a água e infusão de feno, (b) comparar a sensibilidade da ovitrampa, com os métodos de pesquisa larvária (Índice de Infestação Predial-IIP e Índice de Breteau-IB) na detecção da presença do vetor, (c) avaliar, por meio da distribuição espacial, locais com maior densidade do vetor. O estudo foi realizado em duas áreas do município de Macapá, estado do Amapá, onde foram instaladas 1.200 ovitrampas (600 por área) em um período de quatro semanas (abril de 2013) Destas, foram avaliados como estimulantes de oviposição, 400 ovitrampas com infusão de feno a 25%, 400 com suspensão de levedo de cerveja com concentração de 0,01% e 400 com água de torneira. Os resultados demonstraram que no bairro Santa Inês o IIP e IB foram de 7,90% e 13,70% e na vila da Fazendinha 15,29% e 20,00% respectivamente. O Índice de Positividade de Ovitrampas-IPO foi de 43,40% (água), 45,90% (feno) e 48,50% (levedo) e na vila da Fazendinha 27,20% (água), 34,00% (feno) e 32,00% (levedo), não havendo diferença significativa entre elas (p>0,05) para ambas as áreas. O Índice de Densidade de Ovos-IDO para o Santa Inês demonstrou diferença significativa (p<0,05) entre água (39,20%) e feno (60,70%) e na vila da Fazendinha esta diferença foi observada entre água (29,60%) e feno (63,90%) e entre o feno e o levedo (41,20%). Os mapas de densidade Kernel utilizando um raio de 300 m, demostraram aglomerados em pontos específicos distribuídos nas áreas evidenciando as extensões de risco. Concluiu-se, portanto, que a ferramenta apresenta grande sensibilidade em relação aos métodos de pesquisa larvária, possibilita a evidenciação dos níveis de infestação por área, e que o levedo pode ser utilizado como atrativo nas ovitrampas, sendo necessárias ainda, pesquisas quanto ao emprego de outras concentrações do produto e sua eficiência no período de estiagem.