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Nota rápida de evidência: observações sobre condições de risco para o agravamento ou morte por COVID 19
Fecha
2020Registro en:
CAMARGO, Erika Barbosa; ELIAS, Flávia Tavares Silva. Nota rápida de evidência: observações sobre condições de risco para o agravamento ou morte por COVID 19. Brasília: Fiocruz Brasília, 2020. n. 1. 25 p.
Autor
Camargo, Erika Barbosa
Elias, Flávia Tavares Silva
Institución
Resumen
Tecnologia/assunto: Fatores de risco para COVID-19. Indicação: Teletrabalho para servidores que possuem fatores de risco. Caracterização da tecnologia: A nota rápida de evidência foi elaborada para atualizar as evidências referentes aos fatores de risco para o agravamento ou morte por COVID-19. As evidências apresentadas são as que estão atualmente disponíveis e devem ser revisadas com a finalidade de renovar e de tornar público dados de importância para a saúde pública. Contexto e Pergunta: A Fiocruz Brasília esta elaborando proposta de plano de retorno e em reunião entre assessoria da Direção, o Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde (NEVS) e o Programa de Evidencias para Politicas e Tecnologias em Saúde (PEPTS) surgiu a necessidade de uma nota de revisão rápida sobre quais os fatores de risco contribuem para o agravamento ou morte por COVID-19. Busca e análise das evidências científicas: As buscas foram realizadas no dia 06/07/2012 nas seguintes bases de dados: EBM Reviews - Cochrane Database of Systematic Reviews, Embase Classic+Embase, Ovid MEDLINE(R) and Epub Ahead of Print, In-Process & Other Non-Indexed Citations, Daily and Versions(R) e literature cinza (google scholar). Resumo dos resultados dos estudos selecionados: No total foram encontrados 66 artigos científicos foram encontrados e após retiradas 4 duplicatas, 62 artigos foram para leitura de título e resumo. A partir dos 62 artigos encontrados por meio de busca estruturada foram ainda adicionados mais 3 artigos encontrados na literatura cinzenta (no total 65 artigos foram elegíveis para leitura de título e resumo). Destes foram incluídos 20 estudos para leitura completa. Centers for Disease Control and Prevention (CDC) avaliou evidências sobre condições que colocam indivíduos em risco aumentado para doença severa para COVID-19. O CDC citou que entre os adultos, o risco de doença grave por COVID-19 aumenta com a idade, com os idosos em maior risco. Doença grave significa que a pessoa com COVID-19 pode precisar de hospitalização, terapia intensiva ou um ventilador para ajudá-la a respirar, ou pode até morrer. Segundo o CDC as pessoas de qualquer idade com as seguintes condições estão em risco aumentado de doença grave por COVID-19: doença renal crônica, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), estado imunocomprometido (sistema imunológico enfraquecido) do transplante de órgão sólido, obesidade (índice de massa corporal [IMC] igual ou superior a 30), condições cardíacas graves(insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana ou cardiomiopatias), Anemia falciforme, diabetes mellitus tipo 2. O CDC ainda incluiu nesta classificação as crianças clinicamente complexas, com problemas neurológicos, genéticos, metabólicos ou com doenças cardíacas congênitas correm maior risco de doenças graves por COVID-19 do que outras crianças. O CDC destacou que, com base na evidência até o momento, as pessoas com as seguintes condições podem estar em maior risco de doença grave por COVID-19: asma (moderada a grave), doença cerebrovascular (afeta vasos sanguíneos e suprimento sanguíneo para o cérebro) , fibrose cística, hipertensão ou pressão alta, estado imunocomprometido (sistema imunológico enfraquecido por transplante de sangue ou medula óssea), deficiências imunológicas, HIV, uso de corticosteróides ou uso de outros medicamentos que enfraquecem o sistema imunológico, condições neurológicas (como demência), fígado doença, gravidez, fibrose pulmonar (com tecido pulmonar danificado ou cicatrizado), tabagismo, talassemia (um tipo de distúrbio do sangue), diabetes mellitus tipo 1. Estudo brasileiro de Rezende et al 20201 citou que os adultos em risco de grave Covid-19 no Brasil variaram de 34,0% (53 milhões) a 54,5% (86 milhões) em todo o país. Os fatores de risco encontrados no estudo foram: 4,7% para doença cardiovascular, 7,2% para diabetes,1,9% para doença respiratória crônica, 23,7% para hipertensão, 0,8% para câncer, 1,7% para a derrame, 22,1% para a obesidade, 13,9% para o tabagismo, 0,9% para a doença hepática crônica e 1,5% para a asma moderada/severa o que coaduna com os riscos citados pelo CDC. O estudo de revisão de Rod et al , 20202 encontrou 60 preditores de gravidade da doença, dos quais 7 foram considerados de alta consistência como: idade, proteína C-reativa, dímero D, albumina, temperatura corporal, escore SOFA e diabetes. Os resultados sugerem que o diabetes pode ser uma das comorbidade mais consistentes que prediz a gravidade da doença o que está de acordo com um dos fatores citados pelo CDC. Preskorn, 2020 3 identificou que as doenças médicas comórbidas identificadas como fatores de risco são doenças respiratórias e cardiovasculares preexistentes, status imunocomprometido, obesidade mórbida, diabetes mellitus e possivelmente comprometimento renal ou hepático significativo, dados condizentes com os do CDC. O estudo de Nancy et al, 2020 4 encontrou que as condições mais comumente relatadas foram diabetes mellitus, doença pulmonar crônica e doença cardiovascular. Esse estudo também esta de acordo com à classificação do estudo do CDC. O editorial de Westgren et al 20205 descreveu que uma revisão sistemática de 108 casos de gravidez confirmada laboratorialmente com COVID-19 relatou a possibilidade de aumento do risco de doença grave em mulheres grávidas. Dados que estão de acordo com o preconizado pelo CDC. O estudo de meta-análise de Pinto et al 2020 6 com 1592 pacientes, 138 com diagnóstico prévio de diabetes e 1454 sem diabetes. Entre aqueles com diabetes, 59 (42,75%) desenvolveram COVID-19 grave em comparação com 256 (17,60%) de pacientes não diabéticos, resultando em uma razão de chances de 3,53 (intervalo de confiança de 95% 1,48 a 8,39; I2 64%. O diabetes mellitus parece ser um fator de risco importante e independente da idade para a gravidade do COVID-19. O que coaduna com um dos fatores de risco descrito pelo CDC. O editorial escrito por Vakil-Gilani & O'Rourke, 2020 7 citou que os indivíduos suscetíveis à infecção por coronavírus 2019 (COVID-19) representam populações heterogêneas apresentando um amplo espectro de risco. Destacou que os pacientes acima de 65 anos e com comorbidades incluindo obesidade, doença cardiovascular, doença pulmonar crônica doença e diabetes mellitus correm maior risco de doença COVID-19 grave e que não está claro se os pacientes com doença reumática em terapia imunossupressora crônica estão em maior risco. A revisão de Aghagoli et al 20208 destacou que os pacientes COVID ‐ 19 com doença cardiovascular pré-existente possuem maior frequência em unidades de terapia intensiva e sofrem maiores taxas de mortalidade. A revisão de Mueller et al, 20209 ressaltou que a gravidade e o desfecho da doença de coronavírus 2019 (COVID-19) dependem em grande parte da idade do paciente e comorbidades como doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade aumentam as chances de doenças fatais, mas elas sozinhas não explicam por que a idade é um fator de risco independente. Conforme citado pelo CDC. A revisão de Pititto & Ferreira 202010 mostrou o controle glicêmico adequado reduz a predisposição e melhora o prognóstico do COVID-19 contra infecções em pessoas com Diabetes Melitus (DM). Um estudo recente, incluindo indivíduos sem DM, mostrou que altos níveis de glicose plasmática em jejum foram preditores de maus resultados e morte em pacientes com covid-1918. A coorte retrospectiva de Yao et al 202011 encontrou como fatores de risco: idade avançada, comorbidades (mais comumente hipertensão), maior contagem de leucócitos no sangue, contagem de neutrófilos, maior nível de proteína C reativa, nível de dímero D, fisiologia aguda e avaliação crônica em saúde II (APACHE II) e pontuação na avaliação Sequential Organ Failure Assessment (SOFA). O estudo qualitativo de Orioli et al, 202012 cita que a diabetes está entre as comorbidades mais frequentemente relatadas em pacientes infectados com COVID-19. A metanalise de Zhang et al 2020 encontrou que taxa de gravidade do COVID-19 em pacientes hipertensos foi muito maior do que em casos não hipertensos (37,58% vs 19,73%, OR combinado: 2,27, IC 95%: 1,80-2,86) e que pacientes hipertensos apresentavam um risco quase 3,48 vezes maior de morrer de COVID-19 (IC 95%: 1,72-7,08). O estudo de revisão sistemática com metanálise de Lippi et al , 202013 conclui que a hipertensão foi associada a um risco quase 2,5 vezes maior de COVID-19 grave (OR, 2,49; IC95%, 1,98-3,12; I2 = 24%), bem como a um risco de mortalidade mais alto similarmente significativo (OR, 2,42; IC95%, 1,51-3,90; I2 = 0%). O estudo do tipo coorte de Zhou et al, 202014 concluiu que a contagem total de linfócitos era um fator de risco associado à progressão da doença em pacientes infectados com 2019-nCoV. A coorte de Wenhua Liang et al, 202015 os pacientes com câncer foram observado ter maior risco de eventos graves em comparação com pacientes sem câncer (39% vs 8%), pacientes submetidos a quimioterapia ou cirurgia tiveram um risco numericamente maior do que quando comparado com aqueles que não receberam quimioterapia ou cirurgia (75% vs 43%). O estudo coorte retrospectivo de Fei Zhou et al 202014 encontrou que dentre os pacientes, 91 (48%) apresentavam comorbidades, sendo a hipertensão os mais comuns (58 [30%]), seguidos por diabetes (36 [19%] pacientes) e doença cardíaca coronariana (15 [8%] pacientes). A regressão multivariável mostrou chances crescentes de morte hospitalar associada à idade avançada (razão de chances 1: 10, 95% IC 1 • 03–1 • 17, aumento por ano; p = 0 • 0043), maior pontuação na Avaliação Sequencial de Falhas em Órgãos (SOFA) (5 • 65, 2 • 61–12 • 23 ; p <0,0001), e dímero-d superior a 1 μg / mL (18,42, 2 • 64–128 • 55; p = 0,0033) na admissão. Recomendação: seguir os fatores de risco apresentados pelo CDC e acompanhar as atualizações de estudos sobre o tema, pois a compreensão dinâmica da doença, preditores e prognóstico tem produção cientifica crescente.