Dissertation
Relações de trabalho na atenção primária à saúde gerida pelas Organizações Sociais de Saúde no município do Rio de Janeiro no período de 2009 a 2019
Fecha
2020Registro en:
FONSECA, Júlia Matos da. Relações de trabalho na atenção primária à saúde gerida pelas Organizações Sociais de Saúde no município do Rio de Janeiro no período de 2009 a 2019. 2020. 112 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2020.
Autor
Fonseca, Júlia Matos da
Institución
Resumen
Esse trabalho teve como objetivo analisar as relações de trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS) do município do Rio de Janeiro geridas pelas Organizações Sociais de Saúde (OS) no período de 2009 a 2019. Utilizando-se das contribuições do neoinstitucionalismo como referencial teórico metodológico, trata-se de uma pesquisa qualitativa que utilizou como estratégias metodológicas a revisão de literatura e a análise documental. Na análise documental foram observados documentos normativos elaborados por três instâncias distintas (legislativa, executiva e prestadora de serviços). Foram identificados, a partir da leitura dos documentos, os conteúdos referentes às regras formais das relações de trabalho geridas pelas Organizações Sociais de Saúde, tais como: representações de trabalhadores, remuneração, contribuições previdenciárias ou trabalhistas, cessão de servidores, reserva de vagas/cotas, controle da jornada de trabalho, procedimentos de incorporação/contratação de trabalhadores, procedimentos de gestão de trabalho, entre outros. Identificou-se como possibilidades proporcionadas pelas relações de trabalho estabelecidas com as OS, a rápida expansão da atenção primária do município do Rio e a incorporação de um número maior de profissionais. Além disso, com o vínculo da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), os trabalhadores adquiriram maior regulação do trabalho quando comparados aos vínculos anteriores, que não garantiam direitos trabalhistas (exemplo: bolsas e cooperativas). Como retrocessos e desafios, destacou-se a pluralidade das regras formais de trabalho contidas nas normativas analisadas; inexistência de plano de carreira para os trabalhadores; a menor estabilidade do vínculo CLT quando comparado ao vínculo dos servidores públicos; e apesar das regras da CLT estarem prescritas nas normativas, o contexto da atenção primária do município do Rio imprimiu dificuldade no cumprimento da totalidade dessas regras. Nesse sentido, a compreensão das relações formais de trabalho é fundamental para garantir vínculos distantes da precarização, contribuindo para a qualificação do trabalho e dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) e para a construção de uma atenção primária condizente com seus atributos.