Thesis
A infecção malárica pelo Plasmodium simium/Plasmodium vivax em primatas não humanos de três regiões da Mata Atlântica brasileira.
Fecha
2014Registro en:
COSTA, Daniela Camargos. A infecção malárica pelo Plasmodium simium/Plasmodium vivax em primatas não humanos de três regiões da Mata Atlântica brasileira. 2014. 191 f. Tese (Doutorado Ciências)-Centro de Pesquisas René Rachou. Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde. Belo Horizonte. 2014.
Autor
Costa, Daniela Camargos
Institución
Resumen
No Brasil, os casos de malária humana concentram-se na região amazônica. Entretanto, casos autóctones da doença têm sido relatados em diferentes regiões de Mata Atlântica. Sugere-se que a manutenção destes casos envolva a presença de macacos infectados. Nas regiões sul e sudeste do país circula o parasito de primatas Plasmodium simium, semelhante ao parasito de humanos P. vivax.
No entanto, pouco se conhece sobre o parasito simiano e a sua proximidade morfológica, imunológica e genética com o P. vivax dificulta sua caracterização. Diante da necessidade de uma melhor compreensão da malária simiana, propôs-se neste trabalho realizar um levantamento da doença do ponto de vista clínico, molecular e imunológico em primatas de Mata Atlântica, dos estados Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. Em SC, foi observada uma taxa de infecção malárica pelo PCR de 35% em animais de vida livre e 4% em animais de cativeiro. Todos os animais do PR e MS foram negativos.
Entretanto, em todos os estados foi identificado por meio do ELISA, uma reatividade de anticorpos contra as proteínas recombinantes PvDBPII, PvMSP-119 e PvAMA-1. Ainda, anticorpos presentes no soro de bugios foram capazes de bloquear a interação PvDBP-DARC, com uma relação positiva entre a reatividade no ELISA e presença de anticorpos bloqueadores. Além disso, a interação específica PvDBP-DARC em amostras de bugios ruivos sugere que o parasito P. simium possui uma proteína ortóloga a PvDBP e dessa forma, compartilhe a mesma via de invasão que o P. vivax.
A análise de microssatélites demonstrou alelos novos e exclusivos, trazendo perspectivas para a diferenciação das populações do parasito. Através da análise da diversidade genética das sequências obtidas de P. simium foi possível caracterizar polimorfismos conservados, sendo alguns deles nunca descritos em P. vivax.
Contudo, apesar destes polimorfismos, a reconstrução da filogenia baseada nos genes DBP, MSP-1 e 18S não permitiu a separação das espécies, o que reforça a proximidade genética entre os parasitos e aponta para uma transferência de hospedeiros recente. Finalmente, a presença de símios infectados em áreas de Mata Atlântica sugere que os primatas possam atuar como reservatórios da doença, uma vez que casos humanos já foram descritos nas cidades estudadas.