Dissertation
A ABRASCO e a dinâmica de consensos, conflitos e disputas na Saúde Coletiva
Fecha
2021Registro en:
PEREIRA, Thiago Barreto Bacellar. A ABRASCO e a dinâmica de consensos, conflitos e disputas na Saúde Coletiva. 2021. 188 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2021.
Autor
Pereira, Thiago Barreto Bacellar
Institución
Resumen
Em 2019, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) completou 40 anos de existência. O exame da trajetória da ABRASCO oferece um panorama da Saúde Coletiva, indicando a sua institucionalização e profissionalização como área de produção de conhecimento científico e suas vinculações com os rumos da política e as transformações do sistema de saúde no país (LIMA; DIAS, 2018). Além disso, por ser uma associação cujo formato permite aglutinar as diferentes áreas da Saúde Coletiva, a ABRASCO se caracteriza como um espaço que é alvo do investimento específico de seus diversos agentes. Esta pesquisa tem como objetivo analisar a produção de consensos, disputas e conflitos, no período entre 2009 e 2018, que se desenvolveram no interior da ABRASCO frente às tensões e aos desafios existentes na Saúde Coletiva. Para tanto, foi realizado estudo de caso enfocando (i) a repercussão no interior da entidade das tensões entre as três áreas disciplinares que estruturam a Saúde Coletiva e (ii) a dinâmica da participação e representação das instituições de ensino e pesquisa na Diretoria da ABRASCO. Os procedimentos de pesquisa foram divididos em: revisão da literatura, análise documental e a realização de entrevistas semiestruturadas. No total, foram entrevistados 12 associados da ABRASCO, que compõem quatro grupos: (i) três expresidentes, do período 2009-2018; (ii) seis coordenadores de Comissões entre 2013 e 2019; (iii) duas associadas com atuação marcante na Pós-graduação stricto sensu em Saúde Coletiva; e (iv) um ex-secretário executivo. A análise do material coletado tanto pela pesquisa documental quanto nas entrevistas semiestruturadas se deu sob a perspectiva do referencial teórico-analítico da pesquisa, que contou com dois componentes. A teoria geral dos campos, de Pierre Bourdieu, embasou a análise acerca do campo da Saúde Coletiva. Por sua vez, a perspectiva agonística do político, de Chantal Mouffe, foi utilizada de forma complementar para examinar as dinâmicas conflitivas existentes na ABRASCO. O estudo recuperou a formação da Saúde Coletiva, realizou uma descrição da sua expansão e consolidação e apresentou uma contribuição ao debate sobre a sua caracterização como um campo. Em relação a ABRASCO, a pesquisa enfocou a atuação da entidade na articulação das três áreas disciplinares e a sua contribuição para a constituição de um habitus do campo, examinou as representações institucionais no interior da Diretoria e, em diálogo com Vieira-da-Silva (2018), sugere a existência de um polo hegemônico da Saúde Coletiva. Ademais, apresenta a produção de consensos e disputas entre 2009 e 2018.