Dissertation
O padrão etário na dinâmica temporal da dengue no Brasil
Fecha
2016Registro en:
FERREIRA, Rayane Cupolillo. O padrão etário na dinâmica temporal da dengue no Brasil. 2016. 53 f. Dissertação (Mestrado em Epidemiologia em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2016.
Autor
Ferreira, Rayane Cupolillo
Institución
Resumen
Dengue é uma doença viral provocada por quatro sorotipos de arbovírus e transmitida aos seres
humanos por mosquitos do gênero Aedes. A dispersão geográfica dos vetores e dos vírus levou a uma
reemergência global deste agravo, com destaque para as epidemias e o aparecimento de formas graves nos
últimos anos. Se, por um lado, as recentes publicações revelam baixo impacto nas estratégias de controle
vetorial para dengue, por outro lado, houve grande expectativa com o lançamento de vacinas para a
prevenção da doença. Em vários países onde a ocorrência de dengue é relevante, a distribuição dos casos
por faixa etária não é homogênea, levantando dúvidas sobre quais os fatores interferem na dinâmica da
incidência de dengue segundo a idade. Objetivo: Caracterizar o padrão de incidência de dengue e dengue
grave ao longo do tempo segundo a faixa etária no período de 2007 a 2012 nas capitais estaduais brasileira.
Métodos: Foi realizada a seleção das capitais com maior taxa de incidência entre as séries de dengue e
dengue grave por faixa etária em cada região do país para prosseguimento da pesquisa, totalizando a
análise estatística de 4 capitais, referentes a suas respectivas regiões: Rio Branco (Região Norte), Aracaju
(Região Nordeste), Cuiabá (Região Centro-Oeste) e Vitória (Região Sudeste). Seguiu-se a regressão das
curvas de incidência de dengue e dengue grave, segundo faixa etária ao longo do tempo, utilizando
Modelos Lineares Generalizados com distribuição de probabilidade de Poisson. Resultados e Discussão:
Em função da análise exploratória das séries, foram construídos dois modelos de Poisson que incluíram
como variáveis dependentes um termo autorregressivo, o grupo etário (<15 e ≥15 anos) e o tempo; no
segundo modelo de Poisson, incluiu-se ainda um termo de interação entre o grupo etário e o tempo. Nos
casos de dengue, em Rio Branco, Aracaju e Vitória, o grupo etário ≥15 anos apresentou uma taxa de
incidência significativamente maior que aquela observada entre os que tinham <15 anos. Nos casos de
dengue grave, a razão de taxas de incidência se inverte sugerindo que ter ≥15 anos seria um fator protetor
para a incidência de dengue grave, entretanto, este resultado alcançou significância estatística apenas para a
capital Aracaju, no modelo mais simples. Conclusão: Há maior ocorrência de dengue entre os indivíduos
com 15 anos ou mais quando comparados com o grupo de idade inferior, em 3 das 4 capitais (Rio Branco,
Aracaju e Vitória). Adicionalmente, como a presença do termo de interação dos grupos etários ao longo do
tempo foi significativa para as 4 capitais estudadas (Rio Branco, Aracaju e Cuiabá), sugerimos que, possa
estar ocorrendo um deslocamento do padrão etário nas taxas de incidência de dengue no período observado.
Além disso, não há diferenças significativas entre as curvas de incidência de dengue grave em Rio Branco,
Cuiabá e Vitória para as diferentes faixas etárias no período observado, com exceção de Aracaju, cujas
curvas de incidência foram significativamente diferentes para os grupos etários em questão com maior
expressão de dengue grave entre os menores de 15 anos.