Dissertation
Tuberculose na infância: formas clínicas e oportunidades perdidas para o diagnóstico em um centro de referência no Rio de Janeiro
Fecha
2020Registro en:
VIEITAS, Paula Mota. Tuberculose na infância: formas clínicas e oportunidades perdidas para o diagnóstico em um centro de referência no Rio de Janeiro. 2020. 75 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical) - Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2020.
Autor
Vieitas, Paula Mota
Institución
Resumen
Introdução e Justificativas: A tuberculose (TB) é uma causa importante de doença e morte em países endêmicos. Estima-se que pelo menos 550.000 crianças adoecem com tuberculose a cada ano e até 80.000 delas, não infectadas pelo HIV, morrem da doença todos os anos. A omissão da identificação de crianças infectadas, seja na fase latente ou doença clínica, pode ocorrer em todos os níveis de atenção à saúde, constituindo-se em oportunidade perdida para o diagnóstico e instituição da quimioprofilaxia ou tratamento adequados. Como consequência, elevase o risco de progressão precoce para a doença, desenvolvimento de formas graves e disseminadas, bem como reativação na idade adulta, com impacto direto sobre a morbimortalidade, constituindo-se em grave problema de saúde pública. Objetivo geral: Descrever as formas clínicas e identificar as oportunidades perdidas para o diagnóstico precoce da tuberculose em crianças e adolescentes assistidos em centro de referência terciário. Métodos: Estudo descritivo, tipo série de casos, realizado em hospital terciário do Rio de Janeiro, vinculado à FIOCRUZ, com dados de crianças e adolescentes atendidos nos setores ambulatoriais ou de internação durante o período de 2009 a 2018 com diagnóstico de tuberculose Resultados e conclusões: Foram analisados 108 casos de TB doença, com predomínio pelo sexo masculino, representando 54,6% dos casos. As formas de apresentação da TB tiveram proporções diferentes das relatadas na literatura, com incremento das formas extrapulmonares, representando aproximadamente metade dos casos (41,7% versus 44,4% nas formas pulmonares). O percentual de confirmação laboratorial também foi maior do que o encontrado na literatura geral, 48,1%, reforçando a capacidade de manejo da TB pediátrica altamente centralizada nos níveis secundário e terciário do sistema de saúde. A maior parte dos casos, 83,3% apresentou pelo menos uma oportunidade perdida para o diagnóstico precoce da doença, sendo a mais frequente a falha no diagnóstico prévio de crianças com sintomas compatíveis, com destaque para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) e hospitais secundários como os principais locais de atendimento anterior. A maior parte das crianças expostas à bacilíferos, 78,2%, não foi investigada quanto a presença de ILBT. Os casos índices eram em sua maioria intradomiciliares (72,7%), parentes de primeiro grau (76,4%), sendo pai e mãe os mais frequentes (57,1%). As crianças com oportunidades perdidas para o diagnóstico tenderam a ser mais novas, menores de 10 anos (RR=1,26/IC 1,003-1,593/p valor=0,01) e evoluir de forma mais grave que as demais (RR=2,40 /IC 0,989-5,81,/p valor=0,008). Diante dos resultados, o diagnóstico e tratamento da TB em crianças e adolescentes são altamente centralizados nos níveis secundários e terciários de atenção à saúde. O investimento na atenção básica e a descentralização dos recursos são pontos fundamentais para a redução da transmissão, expansão da profilaxia e diagnóstico precoce com melhores resultados de tratamento.