Dissertation
Vírus da coriomeningite linfocítica em populações humanas vulneráveis e em roedores sinantrópicos de comunidades desfavorecidas da cidade de Salvador, Bahia
Fecha
2022Registro en:
CAVALCANTI, Gabriel Rosa. Vírus da coriomeningite linfocítica em populações humanas vulneráveis e em roedores sinantrópicos de comunidades desfavorecidas da cidade de Salvador, Bahia. 2022. 65 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical) - Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2022.
Autor
Cavalcanti, Gabriel Rosa
Institución
Resumen
O vírus da coriomeningite linfocítica (Familia Arenaviridade, gênero Mammarenavirus) apresenta uma distribuição mundial, devido ao seu principal reservatório, o roedor cosmopolita Mus musculus. A transmissão humana ocorre por inalação de aerossóis e contato direto com roedores e suas secreções levando a um quadro infeccioso assintomático ou leve e autolimitado, entretanto podendo evoluir para formas graves como meningite asséptica, meningoencefalite e óbito. O LCMV como agente teratogênico está associado a distúrbios congênitos como microcefalia e outras alterações neurológicas, além de abortos. Estudos na última década revelaram a presença de LCMV em países da América do Sul, inclusive no Brasil, onde o vírus já foi detectado em seu reservatório natural, além de evidência sorológica em amostras humanas e de roedores do gênero Rattus. Com o objetivo de dar continuidade à pesquisa sobre LCMV no país, foi realizado um estudo em quatro comunidades desfavorecidas urbanas, em 2018, na cidade de Salvador, Bahia. Além das 651 amostras de soro de voluntários residentes, também foram coletadas 122 amostras de soro e/ou vísceras de roedores capturados nestas localidades. A pesquisa de anticorpos anti-LCMV foi realizada por ELISA in house e a análise molecular por RT Nested PCR para amplificação parcial do gene da nucleoproteína viral. Todos os roedores testados eram da espécie R. norvegicus. A presença de anticorpos anti LCMV foi identificada em 1,9% (13/651) dos residentes voluntários e a partir da análise realizada sobre as condições sociodemográficas e estruturais em relação à reatividade por LCMV foi possível demonstrar que a idade e o bairro de moradia foram variáveis estatisticamente significativas (P<0,05). Quanto aos roedores, a soroprevalência foi de 4,2% (5/117) da população de R. norvegicus. Em relação à análise molecular foi possível detectar e caracterizar o LCMV em fragmento de tecido pulmonar, confirmando a primeira identificação de LCMV em R. norvegicus no Brasil. Quanto aos fatores condicionantes para os roedores, apenas o sexo se mostrou significativo (P<0,05). A baixa prevalência identificada está de acordo com os dados encontrados no mundo, exceção em casos de surto. Diante do exposto confirma-se a circulação do LCMV nas comunidades estudadas e fica evidente a necessidade de mais pesquisas para que se possa compreender a verdadeira circulação do vírus no Brasil e seu impacto na saúde pública, como patógeno que deva ser incluído no diagnóstico diferencial de neuroinfecções e distúrbios congênitos