Dissertation
Avaliação do papel da proteína NS3 do vírus da dengue na proteção ou patogênese em camundongos
Fecha
2011Registro en:
SANTOS, Anna Paula Yorio dos. Avaliação do papel da proteína NS3 do vírus da dengue na proteção ou patogênese em camundongos. Rio de Janeiro, 2011. 117 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Celular e Molecular) - Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2011.
Autor
Santos, Anna Paula Yorio dos
Institución
Resumen
A dengue é considerada uma das mais importantes arboviroses humanas,
sendo causa de morbidade e mortalidade na maioria das regiões tropicais e
subtropicais do mundo. Os sintomas da doença variam desde a febre do dengue até
a febre hemorrágica e síndrome do choque. O desenvolvimento de uma vacina
contra dengue, que confira imunidade protetora de longa duração contra os quatro
sorotipos, é uma das prioridades da Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém,
tais estudos esbarram em algumas dificuldades, entre elas a pouca compreensão da
patogênese da doença principalmente no que diz respeito aos casos mais graves.
Algumas evidências apontam a proteína não estrutural 3 (NS3) de dengue como
antígeno protetor, por um lado, enquanto outras sugerem que esta proteína está
relacionada à patogênese da doença. Sendo assim, este trabalho visa avaliar o
efeito da expressão da proteína NS3 em camundongos utilizando vacinas de DNA,
no que concerne à proteção e/ou patogênese da dengue, e estudar as respostas
imunes envolvidas nestes processos. Inicialmente, a capacidade protetora da NS3
inteira ou somente seus domínios funcionais (protease e helicase) foi avaliada em
animais vacinados e desafiados com vírus da dengue sorotipo 2 (DENV2).
Observamos que 90% e 80% dos animais imunizados com os plasmídeos baseados
na NS3 inteira, pcTPANS3 e pcNS3, respectivamente, sobreviveram ao desafio.
Entretanto, 40% e 60% destes camundongos apresentaram sinais clínicos da
doença. Nos animais imunizados com os plasmídeos que codificam a helicase
(pcTPANS3H e pcNS3H), a taxa de sobrevivência foi de aproximadamente 75%,
enquanto que os plasmídeos que codificam a região da protease (pcTPANS3P ou
pcNS3P) não foram capazes de conferir proteção aos animais. Posteriormente,
avaliamos o efeito das imunizações com alguns destes plasmídeos no tecido
hepático dos animais não infectados com DENV, e detectamos áreas focais com
hemorragia e edema, que foram maiores em animais inoculados com plasmídeos
que codificam a proteína NS3 inteira ou a porção helicase. Foram observados,
também, danos no parênquima e aumento dos níveis séricos da enzima hepática
alanina aminotransferase (ALT) em animais imunizados com o plasmídeo que
codifica a porção protease da NS3. Apesar dos focos de edema e hemorragia, não
foram detectadas alterações de permeabilidade vascular no fígado ou em outros
órgãos analisados de animais inoculados com os plasmídeos que codificam a
proteína NS3 inteira. Os animais infectados com DENV2 por via intra-cerebral (i.c.)
apresentaram alterações vasculares no baço, fígado, estômago e rins no período do
aparecimento dos sinais clínicos da infecção. A ocorrência de danos no fígado de
animais que expressam a proteína inteira foi acompanhada de aumento de células T
iii
CD8+ neste órgão, além do aumento de células T CD4+ e T CD8+ ativadas no
sangue, detectadas por citometria de fluxo. Além disso, foi observada uma resposta
imune celular com produção de interferon gamma (IFN-γ) em esplenócitos
provenientes destes animais, após estímulo com um peptídeo presente na NS3 e
descrito como imunogênico para camundongos Balb/c. Portanto, os resultados
sugerem a participação de uma resposta imune celular no mecanismo de proteção
induzido pelas vacinas de DNA baseadas na NS3 nos testes de desafio com DENV
por via i.c.. Contudo, esta resposta pode estar envolvida também na indução dos
danos hepáticos observados nos animais imunizados.