Dissertation
Norovirus: genotipagem e caracterização molecular de variantes GII.4 no Brasil, 2005-2010
Fecha
2012Registro en:
FIORETTI, Julia Monassa Norovirus: genotipagem e caracterização molecular de variantes GII.4 no Brasil, 2005-2010. 2012. 78f. Dissertação (Mestrado em Biologia Celular e Molecular) - Fundação Oswaldo Cruz,Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, 2012.
Autor
Fioretti, Julia Monassa
Institución
Resumen
O gênero Norovirus pertence à família Caliciviridae e está dividido em cinco genogrupos (G), os quais GI, GII e GIV são descritos infectando humanos. O GII é o mais prevalente, contendo 21 genótipos, sendo o GII.4 o responsável pela grande maioria dos surtos mundialmente. Os norovirus (NoV) são vírus não envelopados, de simetria icosaédrica e seu genoma é composto por ssRNA de aproximadamente 7,5 kb, dividido em 3 regiões abertas de leitura (ORF). A ORF1 codifica para proteínas não estruturais, incluindo a RNA polimerase RNA dependente, a ORF2 codifica para proteína estrutural VP1, que compõe o capsídeo viral e a ORF3 para a proteína estrutural VP2. A VP1, utilizada para a classificação em genótipos, é dividida em três domínios denominados S, P1 e P2, estando este último localizado na região mais exposta do capsídeo viral e considerado hipervariável, acumulando maior número de mutações não-sinônimas. O objetivo deste estudo foi caracterizar os diferentes genótipos de NoV e variantes de NoV GII.4 circulantes em diferentes estados das cinco regiões brasileiras no período de 2005-2010. Com este propósito foram selecionadas 337 amostras de fezes provenientes de casos de gasrenterite aguda recebidos no Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental, por demanda espontânea, e previamente diagnosticados como NoV pela reação em cadeia da polimerase precedida de transcrição reversa (RT-PCR). Para a caracterização molecular dos NoV foi realizado o sequenciamento parcial de duas regiões diferentes do gene que codifica para a VP1: a região D, para genotipagem, e a região do domínio P2, para caracterização das variantes de GII.4. Com o sequenciamento da região D de 265 amostras, 80,4% (213/265) foram caracterizadas como GII e 1,5% (4/265) como GI. Não foi possível a caracterização de 18,1% (48/265) das amostras. Os genótipos GI.2, GI.5, GI.8, GII.4, GII.6, GII.7, GII.12, GII.16, GII.17 e GII.20 foram detectados, sendo o mais prevalente o GII.4 (79%), encontrado em 13 dos 15 estados avaliados, seguido do GII.6 (13%). Esta foi a primeira descrição da circulação dos genótipos GI.5, GII.12, GII.16, GII.17 e GII.20 no Brasil. Com o sequenciamento da região P2 de 114 amostras GII.4 foram caracterizadas cinco variantes denominadas 2003, 2004, 2006a, 2006b e 2010, sendo a variante 2006b a mais prevalente (54,4%), seguida da 2010 (21,9%) e 2006a (17,5%). A caracterização de um subclado formado por 22 amostras dentro da variante 2006b sugere a emergência de uma nova variante a partir desta. A grande diversidade genética dos NoV circulando no Brasil, assim como a possibilidade da emergência de novas variantes demonstra a necessidade do estabelecimento de uma rede nacional de vigilância que disponibilizaria informações referentes à dispersão geográfica e temporal destes vírus como ocorre outros países.