Dissertation
Análise proteômica dos secretomas dos fungos Trichoderma harzianum e Fusarium solani
Fecha
2019Registro en:
LEAL, Juliana Cardoso. Análise proteômica dos secretomas dos fungos Trichoderma harzianum e Fusarium solani. 2019. 111 f. Dissertação (Mestrado em Biologia da Interação Patógeno-Hospedeiro) - Instituto Leônidas e Maria Deane, Fundação Oswaldo Cruz, Manaus, 2019.
Autor
Leal, Juliana Cardoso
Institución
Resumen
Os fungos são encontrados em diversos ecossistemas, agem como agentes decompositores e podem ser sapróbios, patógenos ou ambos. Fusarium solani e Trichoderma harzianum são fungos comumente encontrados no solo e adaptados à temperatura ambiente (~28°C). No entanto, relatos na literatura demonstram a capacidade patogênica desses fungos, causando infecções em humanos. Nesse contexto, fatores de virulência podem estar associados à patogênese dessas doenças, auxiliando na adaptação desses microrganismos ao hospedeiro. Alguns exemplos desses fatores incluem o crescimento na temperatura corporal (~37°C) e a secreção de enzimas hidrolíticas. Dessa forma, a proteômica pode auxiliar na elucidação de proteínas que estejam envolvidas no processo de infecção causada por esses fungos. Este trabalho teve como objetivo investigar o perfil proteico dos secretomas dos fungos Trichoderma harzianum (CFAM 1308) e Fusarium solani (CFAM 1313), através de ferramentas proteômicas para analisar os processos moleculares e suas características patogênicas. Os fungos estudados, isolados da água de consumo de uma comunidade amazônica, foram reativados da Coleção de Fungos da Amazônia (CFAM). As características morfológicas desses microrganismos foram avaliadas por sete dias nas temperaturas de 28°C e 37°C. Posteriormente, ensaios qualitativos em meio de cultura com substratos específicos para proteases, fosfolipases e ureases foram realizados a 37°C. O perfil proteico do secretoma tanto a 28°C quanto a 37°C foi analisado por meio da eletroforese unidimensional e da proteômica shotgun. Macroscopicamente, Fusarium solani (CFAM 1313) não apresentou diferença aparente em ambas as temperaturas, ao contrário de Trichoderma harzianum (CFAM 1308) que apresentou uma alteração da coloração dos conídios a 37°C. Por outro lado, microscopicamente, Fusarium solani (CFAM 1313) foi o único que demonstrou mudanças entre as temperaturas. Adicionalmente, Trichoderma harzianum (CFAM 1308) obteve melhor crescimento em 37°C, enquanto Fusarium solani (CFAM 1313) em 28°C. Nos ensaios qualitativos, ambos os fungos se mostraram positivos para produção de proteases, fosfolipases e ureases. Além disso, quanto à produção proteica ambos obtiveram melhor rendimento a 28°C em comparação com 37°C. A eletroforese unidimensional revelou um perfil diferencial entre as temperaturas de cada cultura fúngica e por meio da proteômica shotgun foram identificadas proteínas que podem ser associadas à patogenicidade na temperatura de 37°C, e relacionadas à atividades ambientais em 28°C. Portanto, tais resultados demonstram o potencial de adaptação desses fungos, especialmente à temperatura corporal, produzindo proteínas, como, por exemplo, proteases aspárticas, lisofosfolipase ou carboxipeptidase. Tais proteínas participam de processos que podem ser prejudiciais ao organismo humano, como evasão do sistema imunológico ou invasão e adesão celular; sugerindo assim, perfis de patogenicidade de ambos os fungos e consequente risco à saúde da comunidade de onde foram isolados.