Dissertation
O movimento de favelados do Rio de Janeiro: políticas do Estado e lutas sociais (1954-1973)
Fecha
1989Registro en:
LIMA, Nísia Trindade. O movimento de favelados do Rio de Janeiro: políticas do Estado e lutas sociais (1954-1973). 1989. 185 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1989.
Autor
Lima, Nísia Trindade
Institución
Resumen
O trabalho procura reconstituir lutas sociais que ocorreram em favelas do Rio de Janeiro, no período demarcado pela criação da União dos Trabalhadores Favelados em 1954 e pelas mobilizações organizadas pela Federação de Associações de Moradores de Favelas (FAFEG) contra a política de remoções adotada pelo Estado de 1962 a 1973.
A partir de uma abordagem que buscou relacionar as formas de intervenção do Estado e a construção de formas associativas e identidades coletivas entre moradores de favelas, procura contribuir para a reflexão sobre os movimentos sociais que se desenvolvem no âmbito da reprodução e que, com freqüência, adquirem a forma de organização de moradores.
A história do movimento de favelados revela como a vivência de situações comuns de exclusão no que se refere a equipamentos urbanos, e a luta pela preservação da moradia podem favorecer processos de organização política que superem o isolamento das reivindicações de cada localidade.
Tais processos não podem ser vistos, contudo, como reflexo mecânico de contradições sociais ou, tampouco como produto imediato das necessidades vividas pelos moradores. No caso do movimento de favelados, a experiência de seus participantes com partidos políticos, setores ligados à Igreja Católica e agências estatais consistiu em fator fundamental na expressão de reivindicações e processos associativos, além de orientar as diferentes estratégias adotadas.
Ao realizar o estudo de um período pouco abordado nas análises sobre movimentos sociais urbanos realizadas no Brasil, o trabalho pretende contribuir para o debate sobre algumas características observadas com freqüência, como intrínsecas aos movimentos de moradores. Questões como autonomia e formas próprias de organização relacionam-se a construções históricas de atores sociais, influenciadas pelas formas de intervenção do Estado, pelas diferentes concepções ideológicas presentes entre os participantes dos movimentos e pelo impacto das conjunturas políticas.