Dissertation
Estabelecimento de algoritmos para diagnóstico e vigilância dos vírus das hepatites A e E no Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Amapá
Fecha
2015Registro en:
RÊGO, M. O. S. Estabelecimento de algoritmos para diagnóstico e vigilância dos vírus das hepatites A e E no Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Amapá. 2015. 67 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Vigilância Sanitária)-Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Macapá, 2015.
Autor
Rêgo, Márlisson Octávio da Silva
Institución
Resumen
As infecções pelos vírus da hepatite A (HAV) e da hepatite E (HEV) permanecem como importante causa de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Ambos são transmitidos primariamente pela via fecal-oral, ingestão de água/alimentos contaminados, frequentemente associados a amplos surtos epidêmicos de veiculação hídrica. No Brasil, uma transição de alta para média endemicidade para a hepatite A tem sido observada com base em estudos de soroprevalência por faixa etária. Contudo, existem grupos populacionais que não foram beneficiados pelos recentes avanços econômicos que resultaram em melhoria das condições de saneamento. Localizado na região Norte, onde as condições de higiene e saneamento da população são em geral precárias, o estado do Amapá exibe as mais altas taxas de incidência da infecção por HAV. No que diz respeito à hepatite E, não há dados disponíveis, uma vez que o algoritmo adotado para diagnóstico laboratorial de rotina não inclui a pesquisa dos marcadores sorológicos. Visando a implementação, no LACEN-AP, da metodologia aplicada no diagnóstico e vigilância laboratorial das hepatites virais agudas, um estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar (i) um método in-house para detecção de HAV RNA por RT-Nested PCR e ii) testes imunoenzimáticos comerciais para detecção de anticorpos das classes IgM e IgG específicos para HEV. A população de estudo incluiu 171 casos suspeitos de hepatite viral aguda recebidos no LACEN-AP, durante o período de março a dezembro de 2014. A viremia pode ser evidenciada pela detecção do HAV RNA em 59,06% das amostras (101/171) enquanto que pelo método imunoenzimático 55,55% (95/171) dos casos suspeitos tiveram o diagnóstico confirmado pela detecção do marcador sorológico anti-HAV IgM. A taxa de positividade para o HAV RNA foi mais alta entre as amostras reagentes para o anti-HAV IgM (70,5%) do que em amostras não reagentes para este marcador sorológico (44,7%). Por outro lado, 36,58% das amostras negativas para o HAV RNA tiveram resultado reagente para o anti-HAV IgM. A combinação desses 2 marcadores levou a um incremento do número de casos confirmados laboratorialmente, de 55 (55,5%) para 129 (75,4%). Houve predominância de indivíduos menores de 20 anos de idade (100/129), dos quais 43,4% estavam na faixa etária de 1 a 9 anos e 34,1% entre 10 e 19 anos. A maioria dos casos de hepatite A aguda (110/171) ocorreu nos bairros localizados em áreas alagadas (áreas de ressaca). Todas as amostras analisadas foram negativas para os marcadores anti-HEV IgM e IgG, de onde se presume que o HEV não esteja circulando nesta localidade, visto que as condições favoráveis à transmissão de vírus entéricos estão presentes como evidenciado pela alta endemicidade da hepatite A na população estudada.