Dissertation
Avaliação do estado nutricional da população indígena da comunidade Terra Preta, Novo Airão, Amazonas
Fecha
2004Registro en:
LIMA, Regismeire Viana. Avaliação do estado nutricional da população indígena da comunidade Terra Preta, Novo Airão, Amazonas. 2004. 104 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2004.
Autor
Lima, Regismeire Viana
Institución
Resumen
Os índios Baré fazem parte do grupo indígena que estava presente por toda região do
Rio Negro, à época do início da colonização portuguesa no Estado do Amazonas, e após
anos de contato e lutas desiguais, eles se estabeleceram ao sul da Venezuela e oeste do
Estado do Amazonas.
A comunidade Terra Preta possui 97% de sua população composta por índios Baré e estão
neste local desde 1988 advindos do município de São Gabriel da Cachoeira, neste local a
comunidade se desenvolveu contando hoje com 125 pessoas.
Foi realizada avaliação sobre o estado nutricional desta população onde se tomou como
parâmetros os aspectos antropométricos, inquéritos alimentares e socioeconômicos e
ambientais.
A porcentagem de déficit de estatura por idade foi de 45,4% para as crianças de 0 a 9 anos e
de 6,8% para o índice de massa corporal para idade. Não foram encontrados déficit do
índice de massa corporal por estatura o que significa que apesar de terem déficit estatural,
as crianças da comunidade Terra Preta mantém a proporção do peso com a estatura. A
diferença encontrada para o índice estatura/idade, tendo como referência as curvas do
NCHS-1977 e NCHS-2000 foi de apenas 2,3% e para massa corporal para idade de 11,3%.
Duas crianças apresentaram níveis de adequação da circunferência do braço abaixo de 80%
o que caracteriza desnutrição de 2º grau e três crianças apresentaram níveis de adequação
entre 81 e 90% o que caracteriza desnutrição de 1º grau ou uma depleção do compartimento
muscular leve. Duas adolescentes apresentavam sobrepeso, e nenhum dos adolescentes
apresentou IMC abaixo do percentil 5 da população referência. Dezesseis adultos
apresentavam sobrepeso e três apresentavam obesidade, os demais estavam eutróficos.
Oitenta e três por cento das mulheres podem ter risco alto ou muito alto para doenças
crônicas avaliado pela razão cintura/quadril. A alimentação está baseada principalmente no
consumo de peixe, farinha, açúcar, café e pimentas, as frutas são consumidas livremente de
acordo com a sazonalidade. O consumo de legumes, leite, pão, carne bovina e frango é
esporádico. O consumo de alimentos industrializados ricos em gordura, bem como a
diminuição da atividade física podem estar colaborando com o surgimento de casos de
sobrepeso e obesidade dos adultos. A ingestão de alimentos industrializados pelas crianças
tem consumo raro, apenas lingüiça, salsichas, biscoitos e açúcar são consumidos com maior
freqüência. A porcentagem de crianças que foram amamentadas por pelo menos seis meses
foi de 85%. O aleitamento materno exclusivo é prolongado, podendo chegar até dezessete
meses de idade da criança, a não introdução da alimentação complementar após os seis
meses poderá interferir no estado nutricional .A condição sócio-econômica é precária
quando se leva em conta à baixa renda per capita, o baixo nível de escolaridade dos pais e
condições domiciliares insalubres.