Thesis
Não tem jeito. Vocês vão precisar ouvir. Violência obstétrica no Brasil: construção do termo, seu enfrentamento e mudanças na assistência obstétrica (1970-2015)
Fecha
2022Registro en:
SOUZA, Larissa Velasquez de. Não tem jeito. Vocês vão precisar ouvir. Violência obstétrica no Brasil: construção do termo, seu enfrentamento e mudanças na assistência obstétrica (1970-2015). 2022. 244f. Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) - Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2022.
Autor
Souza, Larissa Velasquez de
Institución
Resumen
A trajetória histórica da Violência Obstétrica, no Brasil, se constitui como centro dessa investigação na qual se buscou compreender a construção do termo e das práticas associadas a ele. A análise se desenvolveu sob referenciais teóricos como a história das ciências e da saúde, a antropologia e a história oral, utilizando fontes como legislação, dossiês e entrevistas, e ampla bibliografia sobre o tema. Iniciada na década de 1980, no âmbito da tematização da violência contra a mulher, a contestação de práticas obstétricas foi ancorada nos Direitos Humanos, sexuais e reprodutivos, processo no qual destaca-se os movimentos de mulheres, em debates sobre temas como corpo, individualidade e autonomia, além da ciência feminista e da Medicina Baseada em Evidência. O impacto desses questionamentos no cenário brasileiro marcado por altas taxas de mortalidade materna, e de ações consideradas como “maus tratos”, em um processo de mudança ampliado através do Movimento de Humanização do Parto, ocorreu a partir da década de 1990. A incorporação do termo Violência Obstétrica, inspirada na legislação de países LatinoAmericanos, ocorreu no século XXI, diante do alto número de cesáreas e outras práticas desaconselhadas, inclusive pela OMS, o que gerou resistência de alguns profissionais, embates entre categorias, e entre essas e os movimentos sociais, em um campo de disputa constante, amplificado pelas mídias sociais. No enfrentamento à questão, além da garantia dos direitos já conquistados, somou-se a necessidade de problematização de questões estruturais que incidem sobre à assistência obstétrica, como o preconceito de gênero, o racismo e a desigualdade social