Thesis
Malária como zoonose na Mata Atlântica: detecção molecular da infecção por PLASMODIUM em primatas neotropicais e desenvolvimento de um diagnóstico diferencial
Fecha
2019Registro en:
ALVARENGA, Denise Anete Madureira. Malária como zoonose na Mata Atlântica: detecção molecular da infecção por PLASMODIUM em primatas neotropicais e desenvolvimento de um diagnóstico diferencial. 2019. 124 f. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) - Instituto René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz, Belo Horizonte, 2019.
Autor
Alvarenga, Denise Anete Madureira
Institución
Resumen
A presença de primatas não-humanos (PNHs) como fonte de infecção por Plasmodium para seres humanos consiste em um grande desafio para eliminação da malária. No Brasil, sugerese que a manutenção da transmissão em áreas de Mata Atlântica envolva a presença de PNHs infectados, que podem atuar como reservatórios da doença. Duas espécies de parasitos da malária são capazes de infectar primatas neotropicais, P. brasilianum e P. simium, ambos infectantes ao homem e estreitamente relacionados aos parasitos causadores da malária humana, P. malariae e P. vivax, respectivamente. Apesar da importância destes parasitos devido ao seu potencial zoonótico, relativamente pouco se conhece sobre a prevalência da infecção, dinâmica de transmissão e a diversidade genética dos parasitos. O limitado número de estudos sobre plasmódios de primatas brasileiros, assim como o relato de casos autóctones em regiões de Mata Atlântica motivou nosso grupo a investigar a infecção malárica em PNHs de vida livre e de cativeiro desde 2008, na tentativa de elucidar diversos mecanismos da transmissão zoonótica. Ao todo, foram obtidas cerca de 360 amostras de PNHs coletadas em Joinville/SC, Indaial/SC, Porto Rico/PR, Taquarassu/MS e Guapimirim/RJ. As coletas de sangue de primatas neotropicais no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ), em Guapimirim (RJ), foram realizadas entre 2011 a 2016. A infecção por Plasmodium foi verificada por NESTED/PCR. Nós observamos que existe uma grande variação na taxa de infecção, justificada pela sazonalidade e pelas espécies de PNHs que foram amostradas, sugerindo que algumas famílias são mais susceptíveis à infecção por Plasmodium do que outras. Além disso, nós descrevemos pela primeira vez a infecção por P. simium em Cebus e Sapajus e por P. brasilianum em Callitrichidae dos gêneros Callithrix, Mico e Leontopithecus. A infecção foi comprovada por sequenciamento de um pequeno fragmento do gene 18S SSU rRNA, confirmando a grande similaridade genética entre P. brasilianum e P. malariae e entre P. simium e P. vivax. Neste trabalho também foi possível padronizar um método molecular de diagnóstico da infecção por Plasmodium a partir de fragmentos de órgãos provenientes de necropsia de um PNH. Além disso, em parceria com pesquisadores da Fiocruz e do Japão, foi possível caracterizar a Malária como Zoonose na Mata Atlântica brasileira através do sequenciamento do mitogenoma de P. simium. A partir da descrição, com nossa colaboração, de dois polimorfismos (3535 C> T e 3869 G> A) capazes de diferenciar a infecção por P. simium, responsável por esses casos zoonóticos, da infecção por P. vivax, foi desenvolvido um diagnóstico diferencial de P.simium por NESTED/PCR RFLP. Para validação desse ensaio, mais de cem amostras de sangue de humanos e PNHs de diferentes regiões, infectadas com diferentes espécies de Plasmodium foram utilizadas. Todas as amostras de PNHs e a maioria dos humanos infectados no bioma da Mata Atlântica foram positivas para P. simium. Todos os resultados foram confirmados por sequenciamento de DNA. Esta ferramenta pode ser usada para o diagnóstico da malária zoonótica na Mata Atlântica, auxiliando o serviço de vigilância no delineamento de estratégias de controle e prevenção, quanto ao diagnóstico precoce de casos humanos na região extra-amazônica.