Dissertação de mestrado
O mito do professor-educador: análise de uma evidência
Fecha
2020-12-15Registro en:
REINALDO DIAS DOS SANTOS.pdf
Autor
Santos, Reinaldo Dias Dos [UNIFESP]
Institución
Resumen
This research analyzes the mythification process of teaching work by the pedagogical discourse materialized in the specialized press. For that, we mobilized the French Discourse Analysis (AD) in interaction with Barthes’s studies on the concept of myths. We start from the hypothesis that the pedagogical discourse works as a memory operator, mythicizing teacher’s work by the figure of the educator. In fact, this mythicizing process mitigates historical contradictions and tends to naturalize the meaning of teacher’s job. Through discursive sequences collected in Revista Nova Escola, we track the different updates of the basic statement “every teacher is / should be an educator”. Through this guiding thread, positivity is produced in the second term (educator) to the detriment of the first (teacher). Hence a pre-admitted discursive truth emerges, namely, that every teacher is / should be an educator. The magazine is an important means of communication specialized in pedagogical discussions and aims to assist teachers in lesson planning, discussions about didactic and methodological interventions, in addition to promoting school training courses. Editorial texts from the section entitled “Dear Educator” published in the years 2016 and 2017 were analysed. This was an opportune moment when the national curriculum proposal was discussed: the BNCC (Common National Curricular Basis). Thus, our analysis demonstrates that the pedagogical discourse establishes an interdiscursive relationship with the religious in the mythification of being an educator - professional destined to exercise the profession as a mission, as a gift - as an imperative to be a teacher. A presente pesquisa analisa o processo de mitificação do trabalho docente no/pelo discurso pedagógico materializado na imprensa especializada. Para isso, mobilizamos a Análise do Discurso de linha francesa (AD) em diálogo com o estudo de Barthes sobre mitologias. Partimos da hipótese de que o discurso pedagógico funciona como um operador de memória, no sentido de mitificar o trabalho do professor na/pela figura do educador, em que se entende o mito como uma segunda linguagem, a qual tem como objetivo mitigar as contradições históricas e sociais, e tende a naturalizar o real. Por meio de sequências discursivas coletadas na Revista Nova Escola, rastreamos as diferentes atualizações do enunciado base “todo professor é/deve ser um educador”. Por esse fio condutor, produz-se uma valoração a favor do segundo termo (educador) em detrimento do primeiro (professor) constituindo uma verdade discursiva pré-admitida: todo professor é/deve ser educador. A revista é um importante meio de comunicação especializado em discussões pedagógicas e tem como objetivo auxiliar o professor em planejamentos de aulas, discussões acerca de intervenções didáticas e metodológicas, além de promover cursos de capacitação escolar. Foram selecionados artigos publicados na seção “Caro Educador”, editorial da revista, nos anos 2016 e 2017, momento oportuno em que se discutia a proposta curricular de âmbito nacional: a BNCC (Base Nacional Curricular Comum). Dessa maneira, nossa análise demonstra que o discurso pedagógico estabelece uma relação interdiscursiva com o religioso na mitificação do ser educador – profissional destinado a exercer o ofício como missão, como um dom – como imperativo para ser professor.