Dissertação de mestrado
Avaliações de episódios de dor e respostas farmacológicas analgésicas em pacientes oncopediátricos: um estudo retrospectivo de qualidade do serviço
Fecha
2022-11-23Autor
Leal, Eduardo Ladeia [UNIFESP]
Institución
Resumen
Introdução: Sendo umas das principais causas de morte na infância, o câncer também promove desconfortos aos pacientes pediátricos, sendo estimado que 70% das crianças com câncer experimentarão dores graves no decorrer de suas doenças. Poucos estudos foram realizados para avaliar o manejo farmacológico para analgesia nesta população. Objetivo: Descrever a dor e o seu manejo farmacológico em uma população oncológica pediátrica de um centro de oncologia pediátrica de São Paulo. Métodos: Estudo farmacoepidemiológico descritivo, do tipo estudo qualidade de consumo, referente à utilização de medicamentos para analgesia em crianças com câncer tratadas no Hospital do GRAACC na cidade de São Paulo. Avaliou-se, através do prontuário eletrônico da instituição, dados referentes aos episódios de dor de pacientes oncológicos, de 0 a 17 anos, internados, entre 01 de janeiro de 2021 a 31 de março de 2022, assim como dados das medidas farmacológicas instituídas para o manejo da dor. Resultados: Um total de 335 pacientes foram incluídos no estudo, com média de idade igual a 8,0 ± 5,2 anos, de maioria masculina (n=186; 55,5%). Desses pacientes, avaliou-se um total de 1.465 episódios de dor. A dipirona foi utilizada para o manejo da dor em 703 episódios, morfina foi o segundo fármaco mais utilizado seguido de tramadol – 569 e 123 episódios, respectivamente. A via endovenosa foi a via de administração mais escolhida – 1388 administrações. Dentre os episódios de dor, 44,7% dos eventos corresponderam a dores intensas ou insuportáveis. O uso de opioides foi mais frequente para dores com score maior que 6. A reavaliação da dor após intervenção farmacológica ocorreu em até 30 minutos em 1.200 episódios, porém fármacos como tramadol demandaram tempos de administração maior que o tempo para reavaliação. O registro de ausência de dor ocorreu em 1.332 reavaliações. A associação de adjuvantes ou de outros analgésicos ocorreu em 80,3% dos episódios de dor. Todos os episódios de dor com piora na reavaliação ocorreram na presença de outros medicamentos associados para o seu tratamento. A morfina foi o medicamento mais usado para tratar dores quando havia outros medicamentos associados para o tratamento da dor. Conclusões: O presente estudo foi capaz de descrever as queixas de dor dos pacientes oncológicos pediátricos indicando a intensidade da dor e os locais da queixa e a escolha de medicamentos, via de administração e tempo de reavaliação. Em síntese, diante dos dados evidenciados, conclui-se que os pacientes oncológicos pediátricos apresentam dores intensas durantes internações, que a escolha de medicamentos para o tratamento das queixas álgicas são efetivas para a redução da dor e que a reavaliação é o ponto principal para definição da melhora ou sinalizar a necessidade de novas intervenções Introduction: As one of the leading causes of death in childhood, cancer also causes
discomfort to pediatric patients it can be estimated that 70% of children with cancer will
experience severe pain in the course of their illness. Few studies have been performed
to assess the selection and appropriate dose to obtain effective analgesic effects in
this population. Objective: To describe pain and its pharmacological management in
a pediatric oncology population at a pediatric oncology center in São Paulo. Methods:
Descriptive pharmacoepidemiological study, of the quality of consumption study type,
regarding the use of drugs for analgesia in children with cancer treated at the GRAACC
Hospital in São Paulo. Data regarding pain episodes of cancer patients aged 0 to 17
years, hospitalized between January 1, 2021 and March 31, 2022, were evaluated
using the institution’s electronic medical record, as well as data on pharmacological
measures instituted to pain management. Results: A total of 335 patients were
included in the study, with a mean age of 8.0 ± 5.2 years, mostly male (n=186; 55.5%).
Of these patients, a total of 1,465 episodes of pain were evaluated. Dipyrone was used
for pain management in 703 episodes, morphine was the second most used drug,
followed by tramadol – 569 and 123 episodes, respectively. The intravenous route was
the most chosen route of administration – 1388 administrations. Among the pain
episodes, 44.7% of the events corresponded to intense or unbearable pain. The use
of opioids was more frequent for pain scores greater than 6. Pain reassessment after
pharmacological intervention occurred within 30 minutes in 1,200 episodes, but drugs
such as tramadol required administration times longer than the time for reassessment.
No pain was recorded in 1,332 reassessments. The association of adjuvants or other
analgesics occurred in 80.3% of pain episodes. All episodes of pain that worsened in
the reassessment occurred in the presence of other associated drugs for their
treatment. Morphine was the drug most used to treat pain when there were other drugs
associated with pain treatment. Conclusions: The present study was able to describe
the pain complaints of pediatric cancer patients, indicating the intensity of the pain and
the sites of the complaint and the choice of medication, route of administration and
time for reassessment. In summary, given the evidenced data, it is concluded that
pediatric cancer patients have severe pain during hospitalizations, that the choice of
medications for the treatment of pain complaints is effective in reducing pain and that
reassessment is the main point for definition improvement or signal the need for new
interventions.