Tese de doutorado
Identificação e caracterização de crianças e adolescentes com rinite alérgica local em um ambulatório de especialidade
Fecha
2023-04-10Registro en:
MATSUMOTO, Fausto Yoshio. Identificação e caracterização de crianças e adolescentes com rinite alérgica local em um ambulatório de especialidade. 2023. 111 f. Tese (Doutorado em Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria)
- Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2023.
Autor
Matsumoto, Fausto Yoshio [UNIFESP]
Institución
Resumen
Objetivos: Identificar a prevalência e as características da rinite alérgica local (RAL) em crianças e adolescentes em um ambulatório de especialidade brasileiro e compará-las com os dados obtidos no mundo. Avaliar a eficiência e a segurança do teste de provocação nasal específico múltiplo (TPNe-M) e da imunoterapia sublingual (ITSL) no diagnóstico e tratamento da RAL nesta faixa etária. Métodos: Artigo 1. Revisão sistemática realizada pela pesquisa na base de dados PubMed e Embase, utilizando como parâmetros as palavras-chave (MeSH): Rinite Alérgica Local AND Crianças OR Adolescentes; OR artigos que continham Rinite Alérgica Local no título. A busca foi limitada a publicações em seres humanos menores de 18 anos e com diagnóstico de RAL confirmada pela realização TPNe, escritos na língua inglesa e publicados entre 1 de janeiro 2000 e 20 de setembro de 2021. Artigo 2. Estudo observacional descritivo e analítico realizado em crianças e adolescentes no Ambulatório de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia da UNIFESP/EPM entre outubro de 2017 e setembro de 2022, com avaliação por testes de sensibilização sistêmicos (in vivo e in vitro), questionário de sintomas e TPNe-M com Dermatophagoides pteronyssinus (Dp) e Blomia tropicalis (Bt) monitorado pela rinometria acústica. Artigo 3. Relato de caso de paciente com diagnóstico de RAL submetida ao tratamento com ITSL para Bt. Resultados: Artigo 1. Dez artigos foram identificados, com taxas de prevalência entre 3,7% a 83,3% entre as crianças antes diagnosticadas como tendo rinite não alérgica (RNA), sendo marcadamente menores em países orientais (3,7% a 16,6%), quando comparadas às de países ocidentais (22,3% a 83,3%). Não foram identificadas características clínicas relevantes capazes de diferenciar os pacientes com RAL dos outros fenótipos de rinite na infância. Artigo 2. No ambulatório de especialidade (UNIFESP/EPM) identificamos 18% dos pacientes com rinite sem sensibilização sistêmica, sendo que destes, 40% (10/25) apresentaram o diagnóstico de RAL comprovados pelo TPNe-M com Dp e Bt. O teste demonstrou ser seguro e se mantém, até o momento, como única ferramenta capaz de realizar a diferenciação entre RNA e RAL. Artigo 3. A ITSL para Bt foi segura e capaz de induzir boa resposta clínica e redução da medicação de controle, assim como aumentou a tolerância do paciente ao alérgeno ao longo do tratamento, fato demonstrado pela negativação do TPNe-M. Conclusões: A RAL é um fenótipo de RA também presente em crianças, com grande variação nas taxas de prevalência ao redor do mundo (3,7% a 83,3%) e possui características clínicas semelhantes aos outros fenótipos, não sendo possível distingui-las apenas pelo quadro clínico. No Brasil, em um ambulatório de especialidade, a prevalência da RAL foi de 40% e também apresentou as mesmas características clínicas dos pacientes com RNA. O TPNe-M com Dp e Bt demonstrou ser seguro na faixa etária pediátrica e ainda permanece como ferramenta essencial para realização de diferenciação entre os diferentes fenótipos de rinite, sendo importante difundir seu uso além do âmbito acadêmico. Relatamos um caso de tratamento de RAL com ITSL para Bt demonstrando eficiência e segurança na faixa etária pediátrica, induzindo não apenas melhora clínica e diminuição de uso de medicação, assim como diminuição da reatividade nasal e aumento da tolerância do paciente ao alérgeno. Outros trabalhos são necessários para que possamos identificar a real prevalência dos diferentes fenótipos de rinite na infância, confirmar a estabilidade do fenótipo da RAL ao longo da vida e compreender os benefícios da imunoterapia específica à longo prazo.