Tese de doutorado
Clonagem e análise funcional de toxinas do veneno de aranha marrom(Loxosceles intermedia)
Fecha
2006Registro en:
São Paulo: [s.n.], 2006. 155 p.
epm-20070228142516GARCIA.pdf
Autor
Silveira, Rafael Bertoni da [UNIFESP]
Institución
Resumen
Os acidentes com aranhas marrons (gênero Loxosceles) são responsáveis por sério danos na pele, caracterizados por dermonecrose com espalhamento gravitacional e, em alguns casos, por manifestações de nível sistêmico tais como hemólise intravascular, coagulação intravascular disseminada e insuficiência renal aguda. Os mecanismos pelos quais o veneno da aranha marrom causa seus efeitos tóxicos não são totalmente conhecidos, embora muitas de suas toxinas têm sido bem caracterizadas do ponto de vista bioquímico e biológico. Várias evidências na literatura mostram a existência de múltiplas isoformas de diferentes toxinas no veneno, especialmente para as fosfolipases D. O estudo do veneno da aranha marrom é particularmente difícil devido às pequenas quantidades de veneno bruto obtidas nas extrações. Dessa forma, a clonagem e a expressão de proteínas recombinantes são ferramentas muito úteis que viabilizam estudos de cunho estrutural e biológico das toxinas do veneno. Além disso, a produção de toxinas recombinantes biologicamente ativas também oferece possibilidades biotecnológicas, tais como: o uso destas proteínas como antígenos substitutos na produção de antisoros, ou ainda a utilização destas toxinas como ferramentas de pesquisa em bioquímica e biologia celular. Esta tese teve como objetivos a produção e a análise funcional de toxinas recombinantes, a partir de uma biblioteca plasmidial de cDNA das glândulas produtoras de veneno de Loxosceles intermedia. Os resultados comprovam a nefrotoxicidade direta exercida pela toxina dermonecrótica, bem como mostram a funcionalidade diferencial de pelo menos cinco isoformas desta mesma toxina, de maneira proporcional à atividade fosfolipásica. O rastreamento da biblioteca de cDNA resultou também no isolamento de três isoformas de metaloproteases, classificadas como membros da família das astacinas para metaloendopeptidases dependentes de zinco. Embora a relevância biológica deste último grupo de enzimas no veneno seja ainda desconhecida, a existência de múltiplas isoformas para diferentes toxinas na glândula de veneno reforça a idéia de que estas moléculas atuem de maneira sinergística, resultando no quadro patológico provocado pelo veneno da aranha marrom, além do fato destes resultados representarem os primeiros relatos de enzimas semelhantes às astacinas em venenos de animais peçonhentos.