Professores iniciantes de Geografia: a percepção docente acerca da escola pública e das práticas pedagógicas na região metropolitana de São Paulo

Abstract

O objetivo desta pesquisa foi analisar a percepção do professor iniciante de Geografia acerca da escola pública, as práticas pedagógicas e o ensino de Geografia na escola básica na região metropolitana de São Paulo. Os professores de Geografia têm demonstrado dificuldades para atuar pedagogicamente e estabelecer relações entre o conhecimento que pretendem ensinar e o cotidiano dos estudantes. A formação inicial tem se apresentado insuficiente para problematizar os fatores que influenciam os fundamentos e prática dos saberes. No decorrer de nossa trajetória docente notamos a ocorrência destes, dentre outros, problemas que atingem o trabalho pedagógico e o preparo dos professores que iniciam a carreira na escola pública, situação aguçada por meio da interpretação do currículo oficial (BRASIL, 2017), que, ao adentrar na escola, apresenta conteúdos e procedimentos de ensino que não demonstram uma perspectiva de dialogar com o conhecimento com que os alunos chegam às salas de aula. Como aporte teórico-metodológico para ponderar essas preocupações têm-se as contribuições de trabalhos que aproximam as áreas de Geografia (KATUTA, 2007; MARTINS, 2007), Ensino de Geografia (SANTOS, 2005; MOREIRA, 2007), Educação (FRIGOTTO, 1984; ALGEBAILE, 2009), Políticas Educacionais (LIBÂNEO, 2016), Currículo (APPLE, 1994; GOODSON, 2012) e Formação de Professores (MARCELO GARCÍA, 1999; DINIZ-PEREIRA, 2015). O percurso metodológico previsto assenta-se na pesquisa qualitativa (BOGDAN; BIKLEN, 1994) e os instrumentos de pesquisa documental e bibliográfica (SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009); e em questionários e entrevistas semiestruturadas (MANZINI, 2004). Ouvimos quatro professores para analisar questões (LÜDKE; ANDRÉ, 1986) referentes ao curso de licenciatura, a inserção e trajetória formativa, o que pensam sobre a escola pública, as práticas pedagógicas e o ensino de Geografia. Dentre as reflexões almejadas com esses procedimentos, verificou-se como os professores iniciantes interpretam e enfrentam os problemas da docência na escola pública sobre os efeitos do modo de vida urbano-industrial-rentista, o que dizem acerca dos fundamentos geográficos em articulação com as teorias pedagógicas, de que forma pensam a área do conhecimento de sua formação e como constroem pedagogicamente o saber escolar. Este trabalho possibilitou constatar que os cursos de formação de professores de Geografia frequentados pelos participantes desta pesquisa, não estão atentos à problematização do contexto onde o ensino é mediado e com/para quem se realiza. Os professores iniciantes não sinalizaram a perspectiva para (re)planejar as aulas considerando a localização da escola e sua relação com a docência. Diversos são os fatores que influem sobre as possibilidades para os docentes desenvolverem e manterem o vínculo com os estudantes. Os professores indicaram não ter disponibilidade para seguir a formação e pensar sistematicamente o que acontece na escola. As condições de trabalho comentadas com os depoimentos sinalizaram não serem favoráveis ao desenvolvimento de conhecimento acerca da prática pedagógica.

The objective of this research was to analyze the perception of the beginning Geography teacher about the public school, the pedagogical practices and the teaching of Geography in the basic school in the metropolitan region of São Paulo. Geography teachers have demonstrated difficulties in acting pedagogically and establishing relationships between the knowledge they intend to teach and the students' daily lives. Initial training has been shown to be insufficient to problematize the factors that influence the fundamentals and practice of knowledge. In the course of our teaching trajectory, we noticed the occurrence of these, among others, problems that affect the pedagogical work and the preparation of teachers who begin their careers in public schools, a situation that is heightened through the interpretation of the official curriculum (BRASIL, 2017), which, when entering the school, it presents contents and teaching procedures that do not demonstrate a perspective of dialoguing with the knowledge with which students arrive in the classrooms. As a theoretical-methodological contribution to ponder these concerns, there are the contributions of works that approximate the areas of Geography (KATUTA, 2007; MARTINS, 2007), Geography Teaching (SANTOS, 2005; MOREIRA, 2007), Education (FRIGOTTO, 1984; ALGEBAILE, 2009), Educational Policies (LIBÂNEO, 2016), Curriculum (APPLE, 1994; GOODSON, 2012) and Teacher Training (MARCELO GARCÍA, 1999; DINIZ-PEREIRA, 2015). The planned methodological path is based on qualitative research (BOGDAN; BIKLEN, 1994) and documentary and bibliographic research instruments (SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009); and in questionnaires and semi-structured interviews (MANZINI, 2004). We heard four professors to analyze questions (LÜDKE; ANDRÉ, 1986) referring to the degree course, the insertion and formative trajectory, what they think about the public school, the pedagogical practices and the teaching of Geography. Among the reflections aimed at with these procedures, it was verified how beginning teachers interpret and face the problems of teaching in public schools on the effects of the urban-industrial-rentier way of life, what they say about the geographic foundations in articulation with the theories pedagogical, how they think about the area of knowledge of their training and how they pedagogically construct school knowledge. This work made it possible to verify that the training courses for Geography teachers attended by the participants of this research are not attentive to the problematization of the context where teaching is mediated and with/for whom it takes place. Beginning teachers did not signal the prospect of (re)planning classes considering the location of the school and its relationship with teaching. There are several factors that influence the possibilities for teachers to develop and maintain a bond with students. The teachers indicated that they were not available to follow training and think systematically about what happens at school. The working conditions discussed in the testimonies indicated that they were not favorable to the development of knowledge about the pedagogical practice.