Perfis de usuários de um Centro de Atenção Picossocial do Programa de Saúde Mental do município de Santos

Abstract

The First National Mental Health Conference of Brazil took place in Rio de Janeiro in 1978, bringing criticism to the mental health services of that time. The city of Santos (State of São Paulo), where the largest port in Latin America is located, became an example and a milestone in the Brazilian psychiatric reform process after an intervention in a psychiatric hospital in 1989, with the implementation of alternative proposals, like a network of substitutive care to the asylum. In the 1990s, the Psychosocial Care Centers (PCC) emerged in Brazil, the main strategy for the transformation of the asylums model of mental health care and to guarantee users' rights. Of a quantitative nature, this research aims to verify the characteristics of users of a PCC in São Paulo, from the study of medical records (which are not computerized so far). A total of 1624 medical records were surveyed for the period 2015 to 2019, systematized by gender andage group. From that, in a sample of 836 records were systematized the variables profession, education, marital status, neighborhood where they live, main complaints, diagnoses and past history of mental health condition. The data were submitted to descriptive statistical analysis. Descriptive results indicated more frequent attendances in women (62.1%) and 40 types of disorders diagnosed, the most recurrent being: Depressive Disorder (36.18%), Anxiety Disorder (19.59%), Bipolar Affective Disorder (9.86%), Schizophrenia (6.73%) and Personality Disorder (4.09%). In users, there was a predominance of the age group of 40-60 years and medium level of education. The results found may contribute to regional and contemporary estimates regarding the mental health of Brazilians, especially with regard to residents of urban areas in medium-sized cities.

A I Conferência Nacional de Saúde Mental do Brasil aconteceu no Rio de Janeiro em 1978 trazendo críticas ao atendimento em serviços de saúde mental daquela época. A cidade de Santos (Estado de São Paulo), onde se encontra o maior porto da América Latina, tornou-se exemplo e marco no processo da reforma psiquiátrica brasileira a partir de uma intervenção em um hospital psiquiátrico, em 1989, com implantação de propostas alternativas com uma rede de cuidados substitutiva ao manicômio. Na década de 1990, surgiram no Brasil os Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS), principal estratégia para transformação do modelo asilar de assistência à saúde mental e garantia de direitos aos usuários. De caráter quantitativo, esta pesquisa objetiva verificar características de usuários de um CAPS santista, a partir do estudo de prontuários (que até o momento não são informatizados). Foram pesquisados 1624 prontuários relativos ao período de 2015 a 2019, sistematizados segundo sexo e faixa etária. Destes, em 836 prontuários foram sistematizadas as variáveis profissão, escolaridade, estado civil, bairro onde reside, principais queixas, diagnósticos e histórico pregresso da condição de saúde mental. Os dados foram submetidos à análise estatística descritiva. Resultados descritivos indicaram atendimentos mais frequentes em mulheres (62,1%) e 40 tipos de transtornos diagnosticados, sendo os mais recorrentes: Transtorno Depressivo (36,18%), Transtorno de Ansiedade (19,59%), Transtorno Afetivo Bipolar (9,86%), Esquizofrenia (6,73%) e Transtorno de Personalidade (4,09%). Nos usuários foi verificada predominância da faixa etária de 40-60 anos e grau médio de escolaridade. Os resultados encontrados poderão contribuir para estimativas regionais e contemporâneas a respeito da saúde mental de brasileiros, especialmente no que se refere a moradores de zonas urbanas em cidades de médio porte.