Dissertação de mestrado
A pirataria de música gravada e a indústria cultural
Fecha
2014-10-03Registro en:
JARDIM, Lucas Bernasconi. A pirataria de música gravada e a indústria cultural Lucas. 2014. 162 f. Dissertação (Mestrado) - Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Guarulhos, 2014.
2014-0165.pdf
lucas-jardim-bernasconi.pdf
Autor
Jardim, Lucas Bernasconi [UNIFESP]
Institución
Resumen
This work aims to analyse sociologically the transformations that have occured in the production and distribution of recorded music with the piracy issue. New technologies that allow the unprotocoled copy of phonograms put the piracy issue back on the debates on recorded music, once these technologies break the monopoly of the copy held by big phonographic companies. Based on an empirical investigation on the trade of pirate CDs and DVDs in the streets of São Paulo, it was possible to reflect on the forms of organization of this market and its best selling products. It is thus argued that there is a piracy industry that, despite the enforcement activities undertaken against piracy by the official industry, is based on the same hit songs promoted in the big media. Futhermore, new ?autonomous? forms of recorded music distribution ? that utilize unprotocoled distribution as a way of diffusion and are developed outside the traditional system of copyright ? may be assimilated by the big industry as a dissemination strategy, in a moment that the disc is no longer the central product of the music industry. That tends to make the process of assimilation of cultural contents by the industry more sophisticated, with the outsourcing of the prodution of hit songs. The big industry, though, keeps holding enough power and capital to legitimate the sucess of the songs they promote. Therefore, the music market points to a context of market concentration combined with fragmentation, in which technical changes leave social problems raised by the culture industry untouched, in terms of the exclusion of certain types of music by the process of market competition and of historically hegemonic forms of listening to music. Este trabalho tem como objetivo analisar sociologicamente as transformações que têm sido observadas na produção e na distribuição de música gravada a partir do problema da pirataria. Novas tecnologias que permitem a cópia não protocolada de fonogramas recolocaram o problema da pirataria nos debates sobre música gravada, uma vez que estas tecnologias rompem o monopólio da cópia pelas grandes empresas fonográficas. Partindo de uma investigação empírica sobre a venda de CDs e DVDs piratas nas ruas de São Paulo, foi possível refletir sobre as formas de organização desse mercado e seus títulos mais vendidos. O que se argumenta é que há hoje uma indústria da pirataria que, embora combatida pela indústria oficial, se apoia sobre os mesmos hits promovidos nos grandes meios de comunicação. Mais que isso, as novas formas “autônomas” de distribuição de música gravada – que se valem da distribuição não protocolada como forma de divulgação e se desenvolvem à margem do sistema tradicional de arrecadação de direitos autorais – podem ser assimiladas pela grande indústria como estratégia de divulgação, num momento em que o disco perde o estatuto de produto central da indústria da música, como ocorre no presente. Isso tende a tornar mais sofisticado o processo de assimilação, por parte da grande indústria, de conteúdos já prontos, uma vez que se aprofunda a terceirização da produção do hit para fora das grandes empresas – que, no entanto, continuam detendo poder e capital para legitimar o sucesso das canções que promovem. Há, desse modo, um contexto de concentração de mercado aliada à fragmentação, em que mudanças técnicas deixam intocados os problemas sociais colocados pela indústria cultural, tanto em relação à exclusão de determinados tipos de música pelo processo de competição inerente ao mercado quanto às formas de audição historicamente hegemônicas.