Tese de doutorado
Efeitos modulatórios do extrato padronizado de Ginkgo biloba sobre a sinalização hipocampal envolvida no controle do comportamento alimentar, inflamação, estresse oxidativo, bem como na função astrocitária e microglial hipocampal e hipotalâmica de ratas ovariectomizadas
Fecha
2021-08-31Autor
Machado, Meira Maria Forcelini [UNIFESP]
Institución
Resumen
Com a menopausa surgem diversas alterações físicas e psicológicas que impactam a qualidade de vida da mulher. Alterações no comportamento alimentar durante essa fase favorecem o aparecimento de disfunções metabólicas, podendo resultar em aumento de massa corporal e, consequentemente, podendo evoluir para um quadro de obesidade. O hipoestrogenismo exerce um papel fundamental nessas alterações, pois esses hormônios exercem atividades regulatórias sobre o metabolismo e ingestão alimentar. O estabelecimento de um perfil pró-oxidativo e pró-inflamatório é outro fator agravante dessas alterações nesta fase. Como a reposição hormoral é associada ao desenvolvimento de sérios efeitos colaterais, novas terapias precisam ser investigadas para serem usadas por mulheres menopausadas. O extrato padronizado de Ginkgo biloba (EGb) apresenta um grande potencial para ser utilizado na menopausa como um modulador do apetite e da homeostase energética, devido à sua promissora ação modulatória sobre o comportamento alimentar e adiposidade corporal, previamente observada em ratas ovariectomizadas. O presente trabalho teve como objetivo investigar a ação do EGb sobre os níveis dos receptores de serotonina (5-HT1A e 5-HT1B) e leptina (LepR), transportador de serotonina (5-HTT) e proteínas de vias inflamatórias e antioxidantes no hipocampo, bem como no recrutamento microglial e astrocitário hipocampal e hipotalâmico em ratas ovariectomizadas. Ratas Wistar (2 meses de idade) tiveram os seus ovários cirurgicamente removidos (OVX) ou não (Sham). Após 60 dias, parte das ratas Sham e OVX foram gavadas com o EGb (500mg*kg-1) por 14 dias. Outra parte dessas ratas receberam gavagens diárias com salina 0,9% (veículo). Concluído o tratamento, as ratas foram eutanasiadas com coleta dos hipocampos para as análises por western blotting e atividade das enzimas antioxidantes endógenas ou foram submetidas à perfusão intracardíaca para coleta dos encéfalos para imunoistoquímica e imunofluorescência. O tratamento com o EGb restaurou os níveis dos receptores 5-HT1A e 5-HT1B que haviam sido diminuídos com a ovariectomia. Os níveis do LepR também foram significativamente maiores no grupo OVX+EGb comparados ao grupo OVX, apresentando níves similares aos do grupo Sham. A atividade da enzima superóxido dismutase, aumentada nas ratas OVX, foi revertida pelo tratamento com EGb, assemelhando-se aos valores do grupo Sham. A atividade da enzima glutationa peroxidase foi significativamente aumentada no grupo OVX+EGb em comparação ao grupo Sham. Não houve alterações em relação à atividade da enzima catalase e tampouco nos níveis das proteínas envolvidas em vias inflamatórias e de sobrevivência neuronal. Além disso, a ovariectomia aumentou a reatividade microglial hipocampal e reduziu a hipotalâmica, enquanto o EGb reverteu essa resposta. O tratamento com o EGb induziu o aumento dos níves astrocitários na formação hipocampal ventral. Assim, podemos sugerir que o EGb tem um potencial terapêutico para tratar alterações centrais relacionadas à menopausa, principalmente referentes aos processos oxidativos, melhora da efetividade dos sistemas serotoninérgico e leptinérgico, bem como na regulação da atividade microglial e astrocitária. Desta forma, o EGb representa uma promissora perspectiva terapêutica a ser futuramente investigada em mulheres menopausadas, especialmente considerando a fácil acessibilidade e o baixo custo de tratamento, exercendo efeitos reguladores nas funções hipocampais e hipotalâmicas, possivelmente melhorando transtornos psicológicos, cognitivos e metabólicos. Menopause is accompanied by several physical and psychological alterations that impact the quality of women’s lives. Changes in feeding behavior during this phase favor the appearance of metabolic dysfunctions, which may result in the body mass increase and, consequently, may evolve to obesity. Hypoestrogenism exerts a pivotal role in these alterations due to estrogens perform regulatory activities on metabolism and food intake. The establishment of a pro-oxidative and pro-inflammatory profile is another factor that may aggravate the alterations triggered in this period. Since the hormonal replacement is associated with the development of severe collateral effects, new therapies need to be investigated to be used by menopausal women. The Ginkgo biloba standardized extract (GbE) presents a great potential to be used in menopause as a regulator of appetite and energy homeostasis due to its promising modulatory action on feeding behavior and body adiposity, previously observed in ovariectomized rats. The present study aimed to investigate the GbE action on serotonin (5-HT1A, 5-HT1B) and leptin (LepR) receptor levels, serotonin transporter (5-HTT), and proteins of inflammatory and antioxidative in the hippocampus, as well as in the hippocampal and hypothalamic recruitment of microglia and astrocytes in ovariectomized rats. 2-month-old female Wistar rats had their ovaries surgically removed (OVX) or not (SHAM). After sixty days, a part of Sham and OVX rats was gavaged with GbE (500mg*kg-1) for 14 days. Another part of OVX rats, as well as the Sham group, received saline 0.9% (vehicle). Concluded the treatment, rats were euthanized with hippocampi collection for the analysis of western blotting and endogenous antioxidant enzymes activity or intracardially perfused to the brains collection to immunohistochemistry and immunofluorescence. The treatment with GbE restored the 5-HT1A and 5-HT1B that had been decreased by ovariectomy. The LepR levels were also significantly higher than the OVX+GbE group compared to the OVX group, presenting similar levels to the SHAM group. The superoxide dismutase activity increased in OVX rats, war reverted by GbE treatment, showing similar levels of the SHAM group. The glutathione peroxidase activity was significantly increased in the OVX+GbE group in comparison to the SHAM group. No differences were observed related to neither the catalase activity nor in the levels of proteins involved in inflammatory and cell survival pathways. Moreover, ovariectomy
increased the hippocampal microglia reactivity and reduced in the hypothalamus, while the GbE reverted this response. The GbE treatment also induced the increase of astrocytic levels in the ventral hippocampal formation. Thus, we may suggest that GbE has a therapeutic potential to treat central alterations related to menopause, mainly regarding the oxidative process, improvement of the serotonergic and leptinergic system effectiveness, as well as in the microglial and astrocytic activities regulation. Therefore, GbE represents a promising therapeutical perspective to be future investigated in menopausal women, especially considering that easy accessibility and the low cost of treatment, exerting regulatory effects on hippocampal and hypothalamic functions, possibly improving psychological, cognitive, and metabolic disturbances.