Tese de doutorado
O Fio de Ariadne: Os labirintos da psiquiatria em torno da sexualidade e da dependência química.
Date
2022-11-10Registration in:
Ribeiro Ferreira, Ariadne."O fio de Ariadne: Os labirintos da Psiquiatria em torno da Sexualidade e da Dependência Química.
Author
Ferreira, Ariadne Ribeiro [UNIFESP]
Institutions
Abstract
Esta tese apresenta a biografia de sua autora, que guia a discussão em torno da sexualidade e do uso de drogas como temas em psiquiatria. A partir dessa história, discute-se a diversidade sexual e de gênero e a violência baseada em gênero e suas consequências para a população LGBTI. Discute-se também a dependência química, os transtornos mentais e o cuidado humanizado em psiquiatria, além das infecções sexualmente transmissíveis e do estigma em torno da AIDS. Aborda-se, por fim, a desigualdade provocada pela discriminação, pelo preconceito e pela marginalização compulsória de pessoas transgênero. Todos esses conceitos embasam os dois artigos produzidos. O primeiro deles consiste em um estudo transversal do qual participaram 2.393 indivíduos que procuravam tratamento para a dependência, sendo estes, especificamente, 43 mulheres trans, 1.995 homens cis e 355 mulheres cis. A prevalência de HIV foi oito vezes maior entre as mulheres trans do que entre as mulheres e os homens cis. A prevalência da situação de rua também foi significativamente mais elevada entre as mulheres trans, quando comparadas às mulheres e aos homens cis. Mais da metade dos participantes com diagnóstico prévio de HIV (53,4%) apresentaram casos de AIDS com cargas virais elevadas e contagem de CD4 inferior a 350 (p = 0.681). O segundo artigo, por sua vez, é uma revisão sistemática com meta-análise de ensaios clínicos que empregaram o manejo de contingências em pessoas vivendo com HIV que também eram usuárias de drogas para promover melhores taxas de adesão à terapia antirretroviral. O resultado foi positivo, com uma melhora da adesão ao tratamento de 2.69 (95% CI 0.08–0.51; p 0.007), encorajando o uso desse tipo de abordagem. Cette thèse présente la biographie de son auteur, qui guide la discussion autour de la
sexualité et de la consommation de drogues comme thèmes en psychiatrie. À partir
de cette histoire, la diversité sexuelle et de genre et la violence de genre et ses
conséquences pour la population LGBTI sont discutées. La toxicodépendance, les
troubles mentaux et les soins humanisés en psychiatrie, en plus des maladies
sexuellement transmissibles et de la stigmatisation entourant le SIDA, sont également
discutés. Enfin, l’inégalité causée par la discrimination, les préjugés et la
marginalisation forcée des personnes transgenres est abordée. Tous ces concepts
appuient les deux articles produits. Le premier est une étude transversale à laquelle
ont participé 2 393 personnes cherchant un traitement pour la toxicomanie, à savoir
43 femmes trans, 1 995 hommes cis et 355 femmes cis. La prévalence du VIH était
huit fois plus élevée chez les femmes trans que chez les femmes et les hommes cis.
La prévalence des sans-abri était également significativement plus élevée chez les
femmes trans que chez les femmes et les hommes cis. Plus de la moitié des
participants ayant déjà reçu un diagnostic de VIH (53,4%) avaient des cas de SIDA
avec une charge virale élevée et un nombre de CD4 inférieur à 350 (p = 0.681). À son
tour, le deuxième article est une revue systématique avec méta-analyse d’essais
cliniques qui ont utilisé la gestion des contingences chez les personnes vivant avec le
VIH qui étaient également des usagers de drogues pour promouvoir de meilleurs taux
d’adhésion au traitement antirétroviral. Le résultat était positif, avec une amélioration
de l’adhésion au traitement de 2,69 (95% CI 0.08–0.51 ; p 0.007), encourageant
l’utilisation de ce type d’approche This thesis presents the biography of its author, which guides the discussion around
sexuality and drug use as themes in psychiatry. From this narrative, sexual and gender
diversity, and gender-based violence and its consequences for the LGBTI population
are discussed. Drug addiction, mental disorders, and humanized care in psychiatry, in
addition to sexually transmitted diseases and stigma surrounding AIDS, are also
discussed. Finally, the inequality caused by discrimination, prejudice and compulsory
marginalization of transgender people is approached. All these concepts are the basis
of the two articles produced. The first one consists of a cross-sectional study in which
2,393 individuals seeking treatment for addiction participated, specifically 43 trans
women, 1,995 cis men, and 355 cis women. HIV prevalence was eight times higher
among trans women than among cis women and men. Homelessness prevalence was
also significantly higher among trans women compared to cis women and men. More
than half of the participants with a previous diagnosis of HIV (53.4%) had AIDS cases
with high viral loads and CD4 count below 350 (p = 0.681). For its part, the second
article is a systematic review with meta-analysis of clinical trials that used contingency
management in people living with HIV who were also drug users to promote better
rates of adherence to antiretroviral therapy. The result was positive, with an
improvement in treatment adherence of 2.69 (95% CI 0.08–0.51; p 0.007),
encouraging the use of this type of approach.