Dissertação de mestrado
Linguagem como expressão do corpo
Fecha
2012-07Registro en:
SEVERO, Daniel Cardozo. Linguagem como expressão do corpo. 2012. 94 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Guarulhos, 2012.
Publico-39346.pdf
Autor
Severo, Daniel Cardozo [UNIFESP]
Institución
Resumen
Este trabalho teve como objetivo central compreender o lugar da linguagem como uma das
formas de expressão do corpo. Merleau-Ponty trata desse tema, pela primeira vez e de forma
explícita, no último capítulo da primeira parte da obra, Fenomenologia da Percepção,
intitulado de O corpo como expressão e a fala. Para esclarecer a relação entre esses três
elementos - fala, expressão e corpo - fez-se necessário combater alguns problemas filosóficos
que o autor encontra ao colocar a linguagem nesse outro lugar, diferente da concepção
defendida pela tradição anterior a ele. O principal deles estaria na base do pensamento
ocidental, pois ele pautou-se em premissas equivocadas para compreender a realidade, as
quais o autor denominou de pensamento de sobrevoo. A escolha do adjetivo sobrevoo se deu
pelo tipo de resposta, científica e filosófica, ao problema da sensação e da percepção
encontrado no “realismo ingênuo”, ou seja, a solução dada por eles separaria e reduziria à
realidade a dicotomia sujeito/objeto. Desse modo, houve uma deturpação da percepção tanto
do corpo quanto da linguagem, porque, com a cisão da realidade, estabeleceu-se a separação
corpo e alma, a qual submeteu o primeiro ao último, consagrando a supremacia do
pensamento. Nessa soberania, a sujeição da linguagem se deu com o nascimento do conceito
de representação, matéria-prima do pensamento. Portanto, para Merleau-Ponty, o primeiro
passo a ser dado para a real compreensão do mundo seria retornarmos aos fenômenos
originários, tentarmos religar essa relação perdida pelas representações da consciência, por
fora dela. Desse modo, com o abandono do pensamento de sobrevoo e com a luta contra o
império da representação, o autor revela que a fonte da linguagem seria a fala, modulação
existencial do corpo próprio. A fala se apoiaria na intenção do sujeito falante, o qual infla a
palavra de significação própria, pois seu sentido adviria do gesto e não do pensamento. Seria
pelo interior do gesto que perceberíamos que a palavra é fonte de sentido e não uma
representação de algo. A fala nasceria para ampliar a capacidade de movimento do corpo e
não para representar os objetos ou suas relações. Ao retomar o sentido instaurado pela
percepção, a fala o prolongaria à comunicação. Falar significaria, assim, uma forma de
projeção ao mundo e uma forma de evocação das experiências. Retomar-se-ia o passado, seja
para dar-lhe um novo sentido (gesto) ou para recordá-lo (hábito). Seria esse o meio que
Merleau-Ponty, com a fala, conseguira revelar a última faceta do corpo próprio, reformulando
o problema do mundo. Thereby, there was a misrepresentation of perception of both body and language, because, to
the schism of reality, it was established the separation of body and soul, which submitted the
first to last, consecrating the supremacy of thought. In this sovereignty, subjection of language
happened thought the birth of the representation concept, the raw material of thought. Thus,
with the abandonment of the overflight thought and the fight against the representation
empire, the author revealed that the source of language would be the speech, existential
modulation of the body itself. The speech would be based in the intention of the speaking
subject, which inflates the woed with self meaning, for its sense would come from gesture not
thought. It would be throught the interior of the gesture that we would realize that the word is
a source of meaning not the representation of something. It would be born to expand the
ability of body movement and not to represent the objects or their relations. When recapturing
the established meaning by the perception, it would extend it to the communication. Speaking
would therefore mean a form of projection to the world and a recall of experiments. Past
would be retaken, to give it a new meaning (gesture) or to recall it (habit). This woukld be the
way Merleau-Ponty, with speech, would manage to reveal the last facet of the body itself by
reformulating the problem in the world.