Trabalho de conclusão de curso de graduação
Efeitos do Crack em diferentes doses subcrônicas no Comportamento de Ansiedade e Pânico em ratos Wistar Machos no Labirinto em T Elevado e Substratos Neurais Envolvidos
Fecha
2021-12-09Registro en:
NAZARÉ, Maria de Fátima Santana. Efeitos do Crack em diferentes doses subcrônicas no Comportamento de Ansiedade e Pânico em ratos Wistar Machos no Labirinto em T Elevado e Substratos Neurais Envolvidos. 2021. 59 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Psicologia) - Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2021.
Autor
Nazaré, Maria de Fátima Santana [UNIFESP]
Institución
Resumen
O crack foi introduzido no Brasil no final de 1980 ou início de 1990, e seu uso tem aumentado dramaticamente nas últimas décadas para todos os grupos socioeconômicos. Hoje, o Brasil é também o maior mercado do mundo para o crack. O crack é um subtipo da cocaína, preparado através da evaporação da mistura de cocaína e uma base, em geral bicarbonato de sódio. Usuários de crack apresentam um pior prognóstico quando comparados com usuários de outras drogas ilícitas porque a droga provoca um quadro de dependência mais grave. A cocaína altera o sistema dopaminérgico, bloqueando a receptação de dopamina. O uso de crack é associado a comorbidades psiquiátricas como transtornos de humor e ansiedade. A exposição repetida a drogas que causam dependência produz neuroadaptações em regiões encefálicas relacionadas à recompensa que modulam tanto o desenvolvimento do consumo compulsivo de drogas e a persistência do “craving” ou fissura, quanto a recaída para a busca de drogas na abstinência. Muitas destas neuroadaptações resultam da indução de fatores de transcrição e subsequente regulação da expressão gênica, que pode ter efeitos potencialmente duradouros na estrutura e função neuronal. A família Fos de fatores de transcrição é de particular interesse, já que os membros desta família mostram padrões de indução diferencial em regiões encefálicas após exposição aguda e crônica à cocaína. Embora o consumo de crack no Brasil seja alto e sua relação com transtornos ansiosos observada, os estudos sobre o tema são escassos. Por isso, o presente trabalho investigou os efeitos da exposição, de ratos Wistar machos, ao crack, após o tratamento subcrônico (por via IP, doses de 18, 25 e 36 mg/kg), sobre os padrões de comportamento associados à ansiedade e ao pânico, através do modelo do LTE. Para mensurar a atividade motora destes animais, após as tarefas do LTE os animais foram testados em um campo aberto. Além disso, foi avaliada a ativação dos substratos neurais envolvidos com estes comportamentos para cada um dos grupos, através da análise de imunoistoquímica à proteína Delta-FosB. Os resultados mostraram que o tratamento subcrônico com 18 mg/kg de crack, via intraperitoneal, resultou em um aumento das latências de fuga no LTE, um efeito panicolítico. Houve também uma diminuição da imunorreatividade à proteína Delta-FosB em estruturas associadas à modulação de respostas relacionadas ao pânico, como as colunas dorsolateral, ventrolateral e lateral da substância cinzenta periaquedutal (SCP) e a porção dorsal do núcleo dorsal da rafe (DRD). Um resultado oposto foi obtido com o tratamento subcrônico com 25 e 36 mg/kg IP: diminuição das latências de fuga, um efeito panicogênico. Houve também um aumento da imunorreatividade para a proteína Delta-FosB nas colunas dorsolateral, dorsomedial e lateral da SCP. O tratamento IP com 25 mg/kg de crack aumentou também a imunorreatividade à proteína DeltaFosB no DRD. Embora tenha induzido aumento das latências de fuga, a dose mais alta de crack (36 mg/kg IP) acarretou alterações motoras no campo aberto. Crack was introduced in Brazil in the late 1980s or early 1990s, and its use has increased dramatically in recent decades for all socioeconomic groups. Today, Brazil is also the world's largest market for crack. Crack is a subtype of cocaine, prepared by evaporating a mixture of cocaine and a base, usually sodium bicarbonate. Crack users have a worse prognosis when compared to users of other illicit drugs because the drug causes a more serious situation of dependence. Cocaine alters the dopaminergic system, blocking dopamine reception. Crack use is associated with psychiatric comorbidities such as mood and anxiety disorders. Repeated exposure to addictive drugs produces reward-related neuroadaptations in brain regions that modulate both the development of compulsive drug use and the persistence of "craving" or craving, as well as the relapse to drug-seeking in abstinence. Many of these neuroadaptations result from the induction of transcription factors and subsequent regulation of gene expression, which can have potentially lasting effects on neuronal structure and function. The Fos family of transcription factors is of particular interest, as members of this family show differential induction patterns in brain regions after acute and chronic exposure to cocaine. Although crack consumption in Brazil is high and its relationship with anxiety disorders observed, studies on the subject are scarce. Therefore, the present work investigated the effects of exposure of male Wistar rats to crack, after subchronic treatment (via IP, doses of 18, 25 and 36 mg/kg), on behavior patterns associated with anxiety and panic through the LTE model. To measure the motor activity of these animals, after the LTE tasks, the animals were tested in an open field. In addition, the activation of neural substrates involved in these behaviors for each of the groups was evaluated, through immunohistochemistry analysis of the Delta-FosB protein. The results showed that subchronic treatment with 18 mg/kg of crack, via intraperitoneal, resulted in an increase in LTE escape latencies, a panicolytic effect. There was also a decrease in Delta-FosB protein immunoreactivity in structures associated with modulation of panic-related responses, such as the dorsolateral, ventrolateral and lateral columns of the periaqueductal gray matter (SCP) and the dorsal portion of the dorsal raphe nucleus (DRD). An opposite result was obtained with subchronic treatment with 25 and 36 mg/kg IP: decreased escape latencies, a panicogenic effect. There was also an increase in immunoreactivity for the Delta-FosB protein in the dorsolateral, dorsomedial and lateral columns of the SCP. IP treatment with 25 mg/kg of crack also increased DeltaFosB protein immunoreactivity in DRD. Although it induced an increase in escape latencies, the higher dose of crack (36 mg/kg IP) caused motor changes in the open field.